sábado, 1 de maio de 2010

Povo pega em armas sob ordens de Floro Bartolomeu da Costa para defende o Padre Cícero



Professor José Cícero Gomes*

Não são raros artigos degradando ou exaltando apaixonadamente a imagem do padre Cícero Romão batista tenho a convicção que a história deste controvertido Brasileiro deve ser repensada e recontada a luz da razão, a primeira tentativa foi feita nos anos 60 pelo sociólogo estadunidense Ralph della Cava, em sua obra Milagre em Juazeiro. Trabalho este que durou 12 anos de sua vida para fica pronto e lhe rendeu o doutorado em sociologia. Não basta ler o trabalho de alguns incautos desinformados, e sair reproduzindo falsas verdades. Faz-se necessário repensamos a história do Cariri cearense do início do século XX, sem paixões e leviandades, ou simplesmente o que todos vêm fazendo. Reproduzir inverdades a cerca do conflito entre Marretas e Acciolis ocorrido no Ceará em 1914, tendo como palco o Juazeiro. Essa questão nos leva a indagar: A quem interessa atacar a imagem do Pe. Cícero? E a quem interessa exalta? Não podemos esquecer que a interpretação historiográfica do historiador depende do seu ponto de vista sobre os fatos e de sua ideologia.

Não foi Padre Cícero que convocou os romeiros para a luta contra as forças da capital em 1914. Mas, Dr. Floro usando de um estratagema cooptou os sertanejos, sabendo da fidelidade dos romeiros ao seu "Padim Ciço". Dr. Floro alega que Franco Rabelo estavam enviados homens para arrancar a cabeça de Padre Cícero. Logo ele convenceu os romeiros a defender seu Padrinho, o sertão nordestino foi novamente abalado por uma grande revolta popular de motivação religiosa, mas de caráter político ocorrida em Juazeiro do Norte, na região do Cariri interior do estado do Ceará.

Padre Cícero afirmava categoricamente que a chefia desse movimento, coube a seu grande amigo Dr. Floro Bartolomeu da Costa. A revolução de 1914 foi apoiada pelo Governo Federal e tinha por objetivo de depor o Presidente do Ceará, Cel. Franco Rabelo. Com a vitória da revolução, Padre Cícero reassumiu o cargo de prefeito, pois ele havia sido retirado pelo governo deposto, e seu prestígio cresce muito no Juazeiro e região. Sua casa, antes era visitada apenas por romeiros, passou também a ser visitada por políticos e outras autoridades. Porém, o padre Cícero nunca abriu mão de sua identidade sacra, do seu papel de guia religioso, de líder espiritual de seu povo, para se tornar um político profissional, tampouco abriu mão da mística do “milagre” e de sua visão messiânica, simbólica do catolicismo popular, daquele primeiro sonho que teve quando Cristo encarregou-o de cuidar do Juazeiro e de seu povo. Este perfil sem dúvida não de um “Coronel” latifundiário ou de um político das classes dominantes como alguns historiadores por desconhecer os fatos tentam pintar um padre coronel. Após a proclamação da República no Brasil, em 1889, o quadro político-econômico do Ceará começou a se transformar. Alguns anos depois, teria início a poderosa oligarquia acciolina, que recebeu esse nome por ser comandada pelo comendador Antônio Pinto Nogueira Accioli, que governou o estado de forma autoritária e monolítica entre 1896 e 1912. Seu sucessor, Franco Rabelo (1912-1914). Chega ao poder, obtendo o referendo de apenas 12 deputados, quando necessitava de 16. O acordo e a aproximação de Rabelo com o grupo político de Paula Rodrigues levou muito ex-aliados para oposição. Rabelo acabou renunciando em 14 de março de 1914 diante da forte oposição do padre Cícero e de Floro Batolomeu da Costa. A situação de desesperadora miséria e abandono social era uma marca profunda do Cariri cearense nessa época, o que levou Padre Cícero a entrar na política para proteger seus pobres, e apóia a decisão de Floro em posicionar-se ao lado da oligarquia de Nogueira Accioli. Juazeiro do Norte era uma cidade não fazia muito tempo que havia se emancipado do município do Crato. Seu surgimento se deveu a um sonho do Padre Cícero, onde Cristo encarregou-o de cuidar do Juazeiro e de seu povo. Mas após suposto milagre da Beata Maria de Araújo (cuja hóstia teria se transformado em sangue), atraiu o olhar reprovador, a perseguição, o abandono e a excomunhão de sua igreja a qual foi submisso e fiel até seus últimos dias, mas também conquistou uma imensa massa de sertanejos pobres e religiosos que iam ao seu encontro em busca de refrigero para a alma e para o corpo, já que ele matava fome de muitos que o procurava, e também passou a conquistar inimigos entre a pseuda aristocracia cratense que não passava de meia dúzia de coronéis e seus apaniguados. Estes passaram a ver o Padre Cícero como inimigo porque ele acolhia os pobres que fulgiam da exploração e da submissão. Muitos passaram a morar em Juazeiro, de modo que em pouco tempo o local possuía milhares de moradores, e Padre Cícero os ensinavam alguns ofícios e orientava aqueles que tinham profissões a serem multiplicadores e Juazeiro vira uma cidade oficina e oratório. Como não tinha o apoio da alta hierarquia católica, Padre Cícero procurou evitar que Juazeiro tivesse o mesmo fim trágico de Canudos e aliou-se ao poder político dos coronéis. Daí o porquê de muitos ainda hoje, o ter como um padre "coronel de batinas”. Quanto ao Padre amigo de cangaceiros e outra inverdade, como Cristo, o sacerdote veio para os pecadores e não para os livres de pecados. Lampião era mais um afilhado como tantos no sertão nordestino que assim se consideravam, ele só esteve uma vez em Juazeiro do Norte, e entrou sozinho na cidade. Ele enviou um cabra para pedir permissão ao padrinho para entrar, mas Padre Cícero só permitiu a sua entrada, e ele deixou a cabroeira na entrada da cidade e foi pedi sua bênção.

O povo de Juazeiro, porém, não lutou por uma defesa política. Mas para defender o seu o "Padim Ciço". Eles creditaram ser aquela uma agressão contra Padre Cícero, pois a revolta popular foi articulada por Dr. Floro e os acciolinos da região com o objetivo de retomar o governo do Ceará.