terça-feira, 4 de maio de 2010

OS SISTEMAS DE CALENDÁRIOS NA AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA

O Calendário Maia

O tempo é redondo

Graças ao sentido histórico com o qual pensavam nos acontecimentos da vida, os maias tiveram uma preocupação intensa em medir a passagem do tempo. Eles contavam com registros minuciosos dos grandes acontecimentos políticos e sagrados, as vitórias militares decisivas, a fundação das cidades, a coroação dos príncipes, e o surgimento de novas dinastias.

A partir da observação dos astros, eles elaboraram um calendário complexo e preciso. Os maias também conservaram a memória dos fatos significativos erguendo esteiras, monólitos ou placas cravadas em pedra, que permitem o conhecimento de sua história através de datas absolutamente exatas que contam com inscrições, além da informação mostrada pelas imagens gravadas na superfície de tais esteiras. Apesar disso, a tarefa dos cientistas se complica devido à concepção circular de tempo dos maias.

A esteira mais antiga foi encontrada em Tikal, e pertence ao ano 292 d.C. Conforme as tradições maias, ela marca o início do Período Clássico. A esteira mais recente já descoberta corresponde ao ano 889, e foi descoberta em Uaxactun. Ambas as cidades se encontram muito próximas, no atual território da Guatemala.

Graças à exatidão do calendário, o mais perfeito entre os povos mesoamericanos, os maias eram capazes de organizar suas atividades cotidianas e registrar simultaneamente a passagem do tempo, historiando os acontecimentos políticos e religiosos que consideravam cruciais.

Entre os maias, um dia qualquer pertence a uma quantidade maior de ciclos do que no calendário ocidental. O ano astronômico de 365 dias, denominado Haab, era acrescentado ao ano sagrado de 260 dias chamado Tzolkin. Este último regia a vida da “gente inferior”, as cerimônias religiosas e a organização das tarefas agrícolas.

O ano Haab, e o ano Tzolkin formavam ciclos, ao estilo de nossas décadas ou séculos, mas contados de vinte em vinte, ou integrados por cinqüenta e dois anos.

Eles estabeleceram um “dia zero”, que segundo os cientistas corresponde a 12 de agosto de 3113 a.C. Não se sabe o que aconteceu, mas provavelmente esta se trata de uma data mítica.

A partir deste dia os ciclos se repetiam. Entretanto, a repetição dominava a linearidade. Podiam acontecer coisas diferentes nas datas anteriores de cada período de vinte ou cinqüenta e dois anos, mas cada seqüência era exatamente igual à outra, passada ou futura.

Assim diz o Livro de Chilam Balam: “Treze vezes vinte anos, e depois sempre voltará a começar”. A repetição cria problemas para traduzir as datas maias ao nosso calendário, já que fica muito difícil identificar fatos parecidos de seqüências diferentes. A invasão tolteca do século X se confunde nas crônicas maias com a invasão espanhola que ocorreu 500 anos depois.

Por isso, os livros sagrados dos maias eram simultaneamente textos de história e de predição do futuro. Na perspectiva maia, passado, presente e futuro estão em uma mesma dimensão.

Por outro lado, os historiadores contemporâneos recorrem às profecias maias para conhecer episódios do passado desta sociedade, com a profecia se expressando como uma forma de memória.

1- O CALENDÁRIO ASTECA

1.1- FUNDAMENTOS

Os Astecas, como outros povos da antiguidade, conheciam com precisão os fenômenos astronômicos, principalmente relativos ao Sol e a Lua.

Um dos monumentos documentais mais espetaculares da sua civilização foi sem dúvida a Pedra do Sol, encontrada em 1790 na cidade do México, por ocasião das escavações executadas, afim de se reforçar os alicerces da Catedral da Cidade.

Um enorme bloco de pedra vulcânica, medindo mais de 5 metros de diâmetro por 1 metro de espessura, pesando aproximadamente 25 toneladas, onde no centro está representado o Sol com seus movimentos.

Os raios do Sol com as oito divisões do dia e as oito da noite, são supostamente representados na roda, pelos triângulos; completando um total de 20 quadros, especificando os signos do dia e pontos específicos, oriundos das combinações que contam os anos.

Quanto a estrutura sistêmica do calendário, os indícios levam a crer que os astecas inspiraram-se nos sistemas maias.

Outrossim, em várias fontes, constam comentários de que a operacionalidade do sistema, deixaria a desejar comparado com os maias. Confessamos que tal posicionamento sempre intrigou-nos; normalmente, e até pela lógica, os eventos subseqüentes tendem a suplantar os antecedentes.

Mesmo intrigados, contrariando o nosso modo de ser, aceitamos de uma forma até passiva tais afirmações.

Porém, ao passar para a fase de análise propriamente dita, tabulando as informações que tínhamos a nossa disposição, as mesmas pareciam refletir uma tendência oposta, até fazer com que chegássemos a uma descoberta gratificante, pelo menos para nós:

POR INCRÍVEL QUE PUDESSE PARECER, O CALENDÁRIO ASTECA ERA OPERACIONALMENTE, NO MÍNIMO, OITO VEZES SUPERIOR AO DOS MAIAS

Agora sim a lógica parecia prevalecer; os alunos astecas, pelo menos nos calendários, provavelmente a custa de grandes esforços, suplantaram os seus mestres.

Esse parecer fundamentou-se nos seguintes parâmetros:

1.2- SISTEMA OPERACIONAL

1.2.1- CALENDÁRIO RELIGIOSO DE 260 DIAS- TONOMATL

O calendário religioso dos astecas, na sua estrutura, era praticamente idêntico aos dos maias; os dias voltavam a repetir-se a cada 260 dias.

Um período de 13 anos, 3.380 dias, formava um Tlalpili; cada 4 Tlalpili, 13.520 dias, constituia-se em um período de 52 anos, ou, um Xiuhmolpili.

Por sua vez, 2 períodos de 52 anos (Xiuhmolpili), ou 104 anos, formava um Cohuehuetiliztle.

1.2.2- CALENDÁRIO ASTECA SOLAR DE 365 DIAS- TONALPOHUALLI

ASPECTOS GERAIS

O calendário em epígrafe compunha-se de 18 meses de 20 dias cada, mais um 19 mês mais curto de 5 dias, considerado pelos astecas como dias vazios. Quanto aos dias, ao invés dos maias que iniciavam o mês do Zero, os contavam a partir de 1 até 20.

A cada ciclo de 104 anos acrescentavam 25 dias, o que tornava o calendário de uma precisão incrível para a época, senão vejamos:

365 dias X 104 anos + 25 dias = 37.985 dias

37.985/104= 365,240384615

Considerando-se que a revolução trópica para o ano de 1995 foi de 365,242192957, temos uma diferença de 0,001808342 dias, ou

2 minutos e 36,241 segundos aproximadamente, em 104 anos

O período de 104 anos do sistema de calendário asteca também mantinha uma relação com 65 revoluções sinódicas do planeta Venus:

365 dias X 104 anos = 37.960 dias

Revolução sinódica de Venus= 584 dias X 65 = 37.960 dias

Convém salientarmos que também nos hieróglifos maias, mantinha-se uma interessante correlação do planeta Vênus com o calendário Haab:

8 ciclos do calendário Haab = 2.920 dias

(8 X 365)

5 revoluções médias de Vênus = 2.920 dias

(5 X 584 dias)

O CICLO DO CALENDÁRIO

Como já afirmamos, ficamos surpresos ao constatar, pelos nossos cálculos, que o ciclo do calendário asteca era de 416 anos, possibilitando uma rotatividade sistêmica 8 vezes maior do que a dos maias, ou seja, um dia só repetir-se-ia a cada 151.940 dias, com uma notação ainda mais prática.

Na nossa modesta opinião, o Ciclo Asteca se é que podemos chamá-lo assim, é de uma beleza harmônica, uma verdadeira obra prima sistêmica, que dificilmente será suplantado por outro calendário.

O ciclo maior compunha-se de 4 períodos de 104 anos, com 37.985 dias cada; na seqüência dos 20 dias do calendário, começando do dia 1, intercalavam-se a cada 5 dias, um que era por assim dizer, cabeça de chave.

1 Acatl O Sol

6 Tecpatl Vênus

11 Calli A Lua

16 Tochtli A Terra

No primeiro dia de cada grupo de 104 anos, ou 37.985 dias, revezando-se sistematicamente, tínhamos um desses cabeças de chaves; tal disposição rotativa, fazia com que o dia 1 Acatl fosse novamente o primeiro do ano somente após decorrido exatamente 151.940 dias.

Resumindo, tínhamos a seguinte escala:

104 anos iniciando com: 1 Acatl (O Sol) + 37.984 dias subseqüentes

104 anos iniciando com: 6 Tecpatl (Venus) + 37.984 dias subseqüentes

104 anos iniciando com: 11 Calli (A Lua) + 37.984 dias subseqüentes

104 anos iniciando com: 16 Tochtli (A Terra) + 37.984 dias subseqüentes

416 anos 4 primeiros dias acima 4 dias

Total

151.940 dias

No ciclo de 151.940 dias, cada um dos 20 dias que deslizavam pelos meses do calendário asteca, tinham a oportunidade de repetirem-se exatamente 7.597 vezes.

Considerando-se as inclusões de 25 dias a cada 104 meses como um mês, tinham 3 tipos de meses; meses com 20, 5 e 25 dias. No ciclo, o quadro sinótico da quantidade de meses era:

Meses com 20 dias 416 X 18 X 20 = 149.760 dias

Meses com 5 dias 416 X 5 = 2.080 dias

Meses com 25 (*) dias 4 = 100 dias

Total 151.940 dias

(*) Por desconhecermos o nome do mês dessa inclusão de 25 dias, o apelidaremos de Mês Largo, contrastando com o Mês Curto de 5 dias.

A MARCAÇÃO DOS DIAS

A marcação dos dias pelos astecas diferia das dos maias. Citavam em primeiro lugar, o ano corrente(do ciclo), o nome do dia e, por último, o nome do mês.

Exemplo:-

1 Acatl Tlaxochimaco (primeiro dia do ciclo)

1 Ocelotl Tlaxochimaco (segundo dia do ciclo)

2 Ehecatl Tititl

(170 dia do nono mês do segundo ano do ciclo)

416 Ozomatli Mês largo (penúltimo dia do ciclo)

416 Malinalli Mês largo (último dia do ciclo)

INÍCIO DO CICLO ASTECA

Desconhecemos, como existe para os maias, quaisquer correlações para um chamado Marco Zero do calendário asteca.

CALENDÁRIO SOLAR PERMANENTE

Como fizemos com o calendário dos maias, preparamos algumas planilhas, das quais, sem muito esforço, poderemos extrair informações úteis e principalmente classificar qualquer dia do ciclo asteca. Infelizmente, por não termos o marco zero do calendário e, por não podermos correlacioná-lo com o período juliano, fica prejudicada qualquer busca partindo-se de datas do calendário juliano ou gregoriano.