terça-feira, 30 de novembro de 2010

Quando os donos do poder querem, eles fazem acontecer as coisas.

A ação das forças federais em conjuto com as forças estaduais do Rio de janeiro no complexo do alemão neste últimos dias,vem fortalecer a ideia que temos dos poderes públicos brasileiros, ideia esta que nossas autoridades, só se articulam em torno de um objetivo, quando lhes interessam. Daí nossa presidente da república comprou a ideia das UPPs, tem a necessidade de deixar o Rio seguro para as olímpias e para a copa do mundo. Nossa presidenta não poderia ficar queimada antes de assumir, e nem a cidade maravilhosa poderia ficar com a imagens de cidade perigosa e insegura para o mundo. Por que esta ação cojunta e eficaz não foi realizada antes? Já que a muito existia travicantes e delinquentes no complexo do alemão e em outras comunidades do Rio de Janeiro. O povo não está na prioridades dos nossos homens e mulheres públicas.Tudo isto, nos faz lembramos Foucault quando diz que por traz de todos os discursos existe uma vedade velada.

domingo, 24 de outubro de 2010

Para ninar o Cariri e a flor do Mamulengo

Severiano Gomes*

A gente cruza a chapada quase todos os dias, vejo com certa tristeza que a música, PARA NINAR O CARIRI, de Abidoral Jamacaru, já não fala mais de araponga, orgulhosa a cantar no culme das palmeiras.
À margem da estrada, mal cuidada, acenou p’ra nós crianças esqueléticas, e riem o riso cariado e triste. E eu me pergunto se ainda vêem a zabelê.
É noite, já voltamos. A lua enorme nos espia do alto, mas a nossa realidade é uma abóboda escura, porque, porque a floresta queima, a chapada arde em chamas, De raro, aqui, ali, mais além, um guaxinim, guará, atravessa a estrada. Não mais a onça se embrenha na mata devastada. E a lua espia insistentemente. Em um tempo distante homens rudes também atravessaram a serra e roubavam os ricos e matavam, mas não numa luta desigual, em noites de folga porém cantavam uma canção diferente:

“Lua bonita
Se tu não fosse casada
Eu preparava uma escada
Ia no céu te buscar...”
Um dia também não muito distante, o homem endeusado, pisou no solo lunar e começou a destruir a terra. Um grupor bem frágil pediu que não o fizesse. E eles neco.
_ Que não matassem as baleias, nem os jacarés ou cobras...
E eles neco.
_ Que não destruíssem a Amazônia nem a Araucária ...
E eles neco.
_ Que não se proliferassem as Etiópias nem os Moçambiques...
E eles neco.
E foi por aí que o homem na sua macha destruidora, ia saqueando e matando tudo.
E nós, marionetes, coscientes ou inconscientes, retrocedemos no tempo, e buscamos o mamulengo, paixão maior, principalmente, para quem não teve nem chocolates, nem sorvetes e nem Carlitos. Horrorizados de nós mesmos, navegamos num barco furado, na busca de um futuro incerto enquanto no peito brota uma verde esperança como verde já fora o Vale do Cariri.
Comentário de um amigo nostálgico:
Por onde anda o Severiano Gomes,
este poeta preocupado com social.
Num momento em que ainda não era moda fala de ecologia já escrevia sobre o tema. Meu amigo Severiano onde andas?
De há muito
Que a vegetação da serra arde...
Nos fornos das padarias do Crato e do Juazeiro
Ou vira carvão em carvoarias.
De há muito
Que não se sabe o que seja buriti
A não ser um bairro da periferia do Crato
Onde ontem, não muito distante...
Ouvia-se o canto da araponga orgulhosa
No cume desta palmeira de nome buriti

Severiano

domingo, 10 de outubro de 2010

Sucessão Estadual em Rondônia



“ Se o homem errado usar o meio correto atuará de modo errado.”

(Provérbio Chinês)

Se um indivíduo passou quatro anos de forma inexpressiva, apática, apenas compondo um quadro. Uma marionete revestida na função de vice-governador. Não será agora que atuará como agente. Se assim o fizer estará lutando contra sua própria natureza. Ele já deu prova disso quando assumiu o governo com a saída do Sr. Ivo Cassol. Tinha tudo para mostrar que agora se tinha um governo ético e compromissado com o povo de Rondônia. Mas, o que fez o Sr. João Cahulla?Apenas, seguiu a escrita que seu mestre deixou.

“ nenhum projeto se torna viável se não poder congregar entorno de sua realização a maioria dos que por ele serão atingidos.” (Neidson: 1998)

Não vamos ficar confuso e legitimar o continuísmo, vamos de Confúcio porque o continuísmo é perverso”. E Não queremos o continuísmo. Não vamos transformar Rondônia em um Estado de uma única família. A zona leste nunca foi lembrada em oito anos pela administração estadual, será que agora iram ser lembrada. No primeiro turno não mencionaram se quê a construção de um Pronto-Socorro Estadual, estranho esta promessa de construção de um hospital na zona leste. Ficarão oito anos no poder nada fizeram por aquela parte da cidade. O que tem lá foi a administração municipal que fez. A realidade atual de nosso Estado nos mostra hospitais sucateados e na UTI, andaram fazendo algumas gambiarras superfaturadas como a reforma do Hospital João Paulo II. Vem para o 15, você também!

Eleições 2010.


Serra ou Dilma?

SERÁ QUE SERRA E DILMA PENSA QUE O POVO BRASILEIRO É OTÁRIO?
As características marcantes no discurso político da grande maioria dos presidenciáveis neste primeiro turno de 2010 eram a hipocrisia, a demagogia, a pouca vergonha e o populismo. Com a ex-ministra do meio ambienta não foi diferente, Marina da Silva na corrida presidencial ficou marcada pela retoriquice ecológica e o apelo religioso para atrair os votos dos cristãos protestantes. Na altura do campeonato está claro que a Sra. Marina Silva não e um porto seguro, nem se quê um píer, para ancorarmos nosso barco, os pseudo-verdes gritavam vamos marinar. Será que estavam pensando que somos um pedaço de carne que precisamos ser posto em salmoura com vinagre, alho e outros temperos para ser conservado. Mas, eu vos pergunto conservar o que?Como? E com o que?Ou com quem?Dona Marina não conservou nem seus velhos valores adquirindo com Chico Mendes e Dom Moacyr Grecchi (este último atual arcebispo de Porto Velho – Rondônia, e ex-bispo de Purus e Juruá no Acre). Aquí em nosso Estado de Rondônia a tempo que o Partido Verde vem se coligando com os inimigos do Verde, além de ter em seus quadros indivíduos aproveitadores que não tem, nem nunca tiveram ideologia ecológica de proteção da floresta e do seu povo. Aonde o Deputado Lindomar Garçon foi ecologista? Ou o é?! E outro indivíduos pseudo-verdes que apóiam figuras como o ex-governador Ivo Cassol. Outra característica da retórica dos candidatos a Presidência da República neste pleito é a falta de plano de governo, nem um deles ou delas mostrarão um plano de gestão, ficarão na retórica recheada de promessas vãs. E fica bem evidente que neste segundo turno, o candidato e a candidata que estão tendo uma segunda chance para concertar seus erros, continuam errando, seguindo a mesma idéia que o povo brasileiro é um bando de palhaços fácil de ser levado no bico. A esta altura da campanha para se chegar ao Planalto, o leitor pode indagar: como é que o Sr. José Serra pode pousar de amigo dos funcionários públicos, ambientalista e de pessoa que não muda de opinião na última hora? Como a campanha da Sra. Dilma não é muito difere da Campanha tucana, mera retórica populista?A única resposta possível para estas perguntas é que eles estão crentes que o povo brasileiro é otário.

DOS MALES O MENOR, VAMOS DE 13!
Falar em sucessão presidencial, nos vem a mente a dura realidade, não temos um(a) candidato(a) ideal, mas precisamos escolher alguém. Neste momento temos de ter discernimento, e não nos deixar levar por boatos e disse me disse. Não deve importar se o(a) futuro(a) presidente do Brasil é Católico(a), espírita, Budista, Judeu ou ateu... Se ele ou ELA é heterossexual, ou homossexual, se é branco(a) ou negro(a), se sua origem é de uma família de operários, trabalhadores rurais ou de funcionários públicos...etc. O importante é que seja um bom(boa) gestor(a), integro(a), honesto(a), ético(a) e patriota. Tá ruim de acha um(a) destes(as). Daí que temos que refletir, e escolher, o menos ruim. Não queremos acusações, nem autopromoções. Nós queremos propostas e comprometimento com o Brasil.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Juazeiro do Norte excluída por Cid Gomes

Juazeiro do Norte-CE: Omissão do Governador Cid Gomes pode resultar no fechamento do aeroporto
15/09/2010, 09:30





Demontier Tenório


O governador do Ceará, Cid Gomes, já não consegue mais esconder a sua indiferença em relação ao Aeroporto Regional do Cariri situado em Juazeiro do Norte. As poucas lideranças caririenses que tem acesso ao mesmo já temem falar sobre o assunto para não desgostá-lo e adota a opção de calar. Alguns dizem que ele até se irrita quando o assunto é o aeroporto do Cariri e continua teimando em não encarar de frente a situação em nome de soluções para a falta de melhorias.

A única dúvida dos caririenses é se este descaso de Cid Gomes representa má fé ou má vontade. Enquanto não se chega a um consenso para essa dúvida, o governador segue em frente de olhos fechados para o problema. Existe um impasse do estado com a Infraero por conta de uma inadimplência de R$ 2,6 milhões. Porém causa estranheza o fato de Cid Gomes estar parceirizando com o governo federal obras bem mais caras que tratam da melhoria de aeroportos cearenses.

Para ficar apenas em três deles, são investimentos de R$ 86 milhões no aeroporto de Jericoacoara, outros R$ 26 milhões no de Aracati, e mais R$ 6 milhões para o aeroporto de Camocim. Na contramão de tudo isso, faltam R$ 2,6 milhões para quitar uma pendência com a Infraero em nome do aeroporto que mais cresce em número de passageiros quando o assunto é aviação nacional. De nada valem os argumentos sobre a importância social e econômica do campo de pouso juazeirense para a região do Cariri.
Fonte - http://www.miseria.com.br/?page=noticia&cod_not=45796
Fiquei indignado ao ler está matéria do Demontier Tenório, o aeroporto do Cariri e de vital importância para os caririenses que vivem no cariri e para os que vivem fora como eu que vivo aproximadamente a 7 mil Km de distância do Juazeiro do Norte-Ce, mas sempre estou viajando ao Juazeiro. Mesmo para agrande maioria da população juazeirense que não viajam de avião, este aeroporto se faz necessário porque ele viabiliza oportunidade para alguns porque através dele chegam os caririenses que vivem longe do torrão natal,chegam o turista e o romeiro mais abastado, e trazem divisas para o município de Juazeiro do Norte. Sem falar que seu fechamento será um grande prejuízo para o empresariado local. Será que a história está se repetindo a perseguição a Juazeiro do Padre Cícero e ao povo Juazeirense por parte das autoridades da Capital, isto se deu a muitos anos, no início do século passado com as Maretas (Política salvacionista na República velha), será que tudo se repete, outra vez. O Sr. Governador Cid Gomes não deve esquecer que foram a grande maioria dos Caririenses que levaram-no ao poder executivo do nosso Estado do Ceará sonhando com resultados previamente sonhado por todos, não vivenciar exclusão, desprezo e descaso com a segunda cidade mais importante do Ceará depois da Capital. Carienses vamos barra o Sr. Cid Gomes e sua corriola, digam não aos inimigos do Cariri.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O professor virou refém do medo




Professores do ensino público são reféns da violência que toma conta da sala de aula. Os professores são reféns dos atos de desumanidade dos alunos, agressões verbais e se tem notícias de até agressões físicas em alguma unidade escolar da periferia, Ser professor tem se tornando um misto de profissão de risco e insistência masoquista. Quase um ato suicida. Do pior tipo. Do tipo que, aos poucos, lentamente, envenena o corpo e mata a alma. O corpo físico do docente vai morrendo aos pouco, não é bom nem falar das mazelas que são acometidos a maioria dos professores. Poderia falar das muitas estatísticas que apontam o alarmante número de professores doentes no Brasil, em nosso Estado de Rondônia não é diferente. Mas por acaso alguém se alarma com isso? Quando ouve ou ler sobre casos de educadores com sérios problemas de saúde de ordem neuro/físico/emocional/psicológicas, em decorrência das péssimas condições de nosso trabalho, da violência sofrida por alunos, gestores e pelos pais dos alunos muitas vezes.

O salário indigno e o desrespeito de todos já é uma grande violência, mas somam-se tantas formas de violência, fazendo o educador carregar um fardo muito pesado: as salas de aula sujas e criminosamente superlotadas, as (inúmeras) escolas fisicamente ainda mal aparelhadas, a falta de recursos, o que nos força a aulas semimedievais, ainda na base da saliva, quadro e picel; o barulho ensurdecedor, lancinante, destrutivo, que emana de todos os recantos da escola.

A sala de aula se tornou um campo minado para o professor de um lado está os alunos que em sua grande maioria vêem o professor como indivíduo que não merece seu respeito e fazem de tudo para afrontá-lo buscando se impor pela tirania. Aos professores que aceitam esta conjuntura dialética e humilhante, dá-se o antigo preceito da suserania/vassalagem; aos que não aceitam, resta o embate, sempre desgastante, quando não perigoso. Por falar em embate, a escola tornou-se, com raras exceções, um local de batalhas, onde o professor está acuado sobre campo minado e desarmado, do outro lado, entrincheirados estão os alunos e na retaguarda na defesa destes alunos estão gestores e corpo técnico. Literalmente falando. Ensinar nunca foi tão perigoso. Somamos a tudo dito acima, o ensinar a quem simplesmente, não quer aprender e algo tão louco quanto lutar contra muinhos de ventos. E muitos não o querem não por desvio de caráter ou por indolência íntima, mas porque foram ensinados que não precisam estudar para vencer na vida. Ao professor, esse que abraçou a educação lhes atribuiu vários clichês como “sacerdote”, “missionário”, “profissional que veste a camisa”, “tiozinho” e agora um mais novo “CNPJ” ou “personificação do estado”. Além das múltiplas funções que querem atribuir ao professor, tais como: pai, mãe, irmão, psicólogo, guia espiritual e médico. Chegamos ao absurdo de começar a admitir o conceito da “agressividade aceitavelmente permitida”, já que todos que estão a frente da escolar, não se cansam de nos lembrar que temos muito a perder, o aluno não, a este tudo é permitido. Os palavrões, os desacatos, os desrespeitos em sala de aula, nos corredores, nos pátios, nas áreas livres; as ameaças, veladas ou não, dirigidas aos professores que eles consideram chatos, tornam-se a cada dia fatos comum, “naturais e perfeitamente aceitáveis” a desumanidade dos alunos sobre professores, portanto, deve ser por todos aceito. Tem se tornado o professor um refém do medo dentro de seu local de trabalho. Todos os dias com medo entramos em nossas escolas, com medo nos sentimos, ao sair delas, um vergonhoso e inaceitável sentimento de alívio nos toma conta do espírito. Aqueles que nos deveriam dar apoio logístico e moral. Revelam-se nossos inimigos declarados, principalmente se não fazemos parte do cordão dos puxa-sacos.

Prof. Cícero

o poder opressor na formação de oprimidos contentes






O PODER OPRESSOR NA FORMAÇÃO DE OPRIMIDOS CONTENTES

Paulo Rogério Ribeiro de Carvalho*

RESUMO

A história está repleta de pessoas que formam a classe dominante, esta que determinam as ações e pensamentos dos oprimidos da época. Dominam como personalidades indestrutíveis. Oprimidos e opressores participam de um jogo preestabelecido. Onde o ganhador sempre será o dominante e o derrotado é a grande maioria que se acomodam e se conformam com a falsa felicidade. Sem preocupar-se com o seu contexto social.

PALAVRAS-CHAVE: classe dominante, falsa felicidade, jogo preestabelecido.

INTRODUÇÃO

Em “O Juiz de Paz na Roça” é relatado a opressão por parte do juiz, em detrimento do bem pessoal. Os cidadãos dão a autoridade a uma pessoa, o juiz, que faz o que bem quer. É com o intuito de mostrar a real situação do poder opressor na contemporaneidade que este artigo é apresentado. A fim de discutir se realmente ainda os cidadãos se comportam como meros espectadores de um filme. Este trabalho tem como finalidade levar à reflexão sobre as ações aparentemente boas do poder. Seja ele qual for, na construção de máquinas pensantes, e à medida que é pressionada abre a boca e faz um belo sorriso de contentamento. Tem-se como base a obra de Martins Pena que retrata a situação das injustiças, do uso do poder sem limites.

Juiz - É verdade, Sr. Tomás, o que o Sr. Sampaio diz?

Tomás - É verdade que o leitão era dele, porém agora é meu.

Sampaio - Mas se era meu, e o senhor nem mo comprou, nem eu lho dei, como pode ser seu?

Tomás - É meu, tenho dito.

Sampaio - Pois não é, não senhor. (Agarram ambos no leitão e puxam, cada um para sua banda.)

Juiz, levantando-se - Larguem o pobre animal, não o matem!

Tomás - Deixe-me, senhor!

Juiz - Sr. Escrivão, chame o meirinho. (Os dous apartam-se.) Espere, Sr. Escrivão, não é preciso. (Assenta-se.) Meus senhores, só vejo um modo de conciliar esta contenda, que é darem os senhores este leitão de presente a alguma pessoa. Não digo com isso que mo dêem.

Tomás - Lembra Vossa Senhoria bem. Peço licença a Vossa Senhoria para lhe oferecer.

Juiz - Muito obrigado. É o senhor um homem de bem, que não gosta de demandas. E que diz o Sr. Sampaio?

Sampaio - Vou a respeito de dizer que se Vossa Senhoria aceitar, fico contente.

Juiz - Muito obrigado, muito obrigado! Faça o favor de deixar ver. Ó homem, está gordo, tem toucinho de quatro dedos. Com efeito! Ora, Sr. Tomás, eu que gosto tanto de porco com ervilha!

Tomás - Se Vossa Senhoria quer, posso mandar algumas.

Juiz - Faz-me muito favor. Tome o leitão e bote no chiqueiro quando passar. Sabe aonde é?

O opressor utiliza do poder para conseguir o que deseja. Faz com que os opressores sintam-se felizes sem darem conta da real situação. São enganados e apóiam a própria desgraça.

FELICIDADE INDUZIDA

O meio social é cheio de interações entre os agentes. As relações de um com o outro possibilitam o aparecimento do poder. Este que pode ser transformado em crescimento coletivo ou em opressão. A História é repleta de poderosos que usaram o seu poder econômico, intelectual, discursivo, entre outros para persuadir àqueles que não possuíam. Além de possibilitar uma falsa felicidade aos dominados. A acomodação tornou-se uma maneira de ser “feliz”. E a aceitabilidade de tudo que vem de cima está cada vez mais ampla no mundo contemporâneo, e todos preferem dizer que “está bem assim”, para não ter o trabalho de pensar e refletir sobre o que está em sua volta.

Será que a grande massa capitalista não está a mercê do poder e não vêem que sua felicidade é uma felicidade imposta? “Na Literatura, no cinema, na historia, numerosas figuras personificam o fenômeno do poder em sua grandiosidade e nos lembram que se trata de uma questão concreta e sempre atual”. (CHALITA; 2005; p.11).

Sabe-se que o poder só existe a partir de uma relação entre pessoas. É sempre um fenômeno social, e ocorre na troca e confronto de idéias, na qual prevalece a idéia dominante. Não é de se espantar com este fenômeno, pois a sociedade necessita do poder. Porém o uso exagerado pode levar a mutilações de pensamentos. Trata-se de ideologias impostas, a fim de enganar uma grande quantidade de pessoas. Na antiguidade oriental os Faraós eram os donos do saber, eram monarcas absolutos cujas decisões tinham caráter de leis, eram considerados deuses. Alexandre Magno, na Grécia tinha o poder descentralizado, dominava várias polis. O Império Romano continuou a dominar através de várias guerras civis. Percebe-se que o Poder foi e será presente na História humana. Antes o poder era concebido a uma única pessoa. Hoje com a evolução do homem e suas tecnologias também houve uma ampliação do poder. Este que se materializa, subjetiva em muitas formas, na política, no comércio, na educação, nos meios de comunicação. Este último desencadeia uma opressão disfarçada, coberta de belas e boas vontades.

Na sociedade contemporânea, a luta pelo poder ocupa lugar em cada casa, em cada bairro, dentro de uma pequena empresa, em cada grupo social. A partir do momento em que se inserem na vida em sociedade, os homens já participam do jogo do poder. (CHALITA; 2005; p.26)

Um jogo que o ganhador já tem em mãos o troféu, e os perdedores conformados levanta-se para aplaudir a própria derrota.

Em “O Juiz de Paz da Roça”, obra de Martins Pena, o poder do juiz é usado para impor suas vontades. Há uma grande conformidade por parte dos homens pobres que reivindicam seus direitos, são a todo o momento enganado pelo juiz. De uma forma cômica, Pena retrata a situação vivida na época, uma época cheia de injustiças, no qual prevalecem as leis injustas. O Poder é usado de modo a oprimir todos aqueles inferiores. Estes que não dão importância e preferem continuar oprimidos contentes. Visto que no final da história o contentamento é expresso com uma festa, oprimidos e opressores bebem e comem numa felicidade momentânea e ilusória.

Na escola, em casa, no discurso político, em qualquer lugar existem relações de poder. Na prática educativa é comum o professor se intitular o “dono do saber”, e põe a sala de aula a seus pés. A todo o momento ele centraliza as atenções para si. Pouco se ver alunos questionadores, e quando perguntam, são perguntas superficiais. Não veem além do transmitido pelo professor ditador. Em casa a relação de poder é mais afetuosa, mas não deixa de ser poder, pois os filhos obedecem às regras. A obediência já vem desde o nascimento. À medida que normas são colocadas, há uma internalizaçao do certo e errado. Na política é muito grande o uso do poder. Com o auxilio da má educação, os políticos sentem-se à vontade para fazer o que querem. Os eleitores embaixo e o candidato sobre eles. Uma multidão de ouvintes surdos. Aplaudem anestesiados pela euforia e no momento não conseguem enxergar a dominação. O poder seduz quem domina e quem é dominado. No palanque, toda aquela massa eufórica seduz o candidato. Na medida em que os ouvintes sentem-se seduzidos pelo discurso persuasivo. “A ânsia pelo poder é a mais fundamental do ser humano, e jamais poderá ser saciada”. (CHALITA; 2005; p. 25). Nunca é demais. O homem sempre irá buscar mais e mais o poder. Este que é atraente, pois dar ao homem mobilidade, ação. Conseguinte sente-se dono do saber, dono do seu destino e do destino dos dominados. Começa a pensar por todos e fazer o que acha proveitoso e lucrativo para o crescimento individual. Pouco importa o bem coletivo.

A mídia também faz sua parte, seu papel de transmitir a felicidade em todos os lares. Apresenta-se como revolução da comunicação. Porém não faz jus da designação. A comunicação é envolvente, entre um e outro ou outros. A televisão é um espaço apenas informativo e não deveria ser considerado como meio de comunicação efetiva. Seria mais correto dizer que a mídia televisiva está mais para um meio de dominação, opressão do que para comunicação. O ditador da contemporaneidade não é mais o ser humano em representação, mas o ser humano que usa de um instrumento para camuflar suas ideologias. Transmite tudo que é desnecessário à vida humana. E pouca coisa para o bem da humanidade é divulgado. O ideal de vida é prometido pelas grandes indústrias. A felicidade encontra-se nas marcas, nos artistas, no bem material. Um mundo inventado para atrair e destruir. “Sabemos que a vontade de impor “o melhor dos mundos” pode ser o pretexto das piores ditaduras”. (LEVY, Pierre; 2007; p. 79). Por este motivo, os cidadãos devem tomar uma posição mais crítica diante de tudo e de todos. Pesquisar e analisar os fatos aparentemente bons. Não ficar acomodado e aceitar tudo, sem antes investigar. Pois se não investiga não tem como discutir suas idéias. E ser feliz de fato.

A lucratividade é o ponto em questão. Todos correm atrás de lucros, sem se preocupar com o mundo em sua volta. Dificilmente um tema importante é colocado nos programas de TV, e quando passa, é no momento que ninguém assiste. Programas sensacionalistas não faltam, prendem os telespectadores pela emoção e comoção. Entretém toda a massa consumidora para não pensarem no real e apenas consumirem. Impõem uma realidade ilusória e uma felicidade sem sentido.

Desde a época do Renascimento, após a Idade Média, o homem começou a sentir-se superior e suas tecnologias ampliaram também se ampliou o modo de pensar. A estética tomou dimensões inacreditáveis. E a sociedade atual está voltada para ela. Como dar lucros, a mídia não deixou de manipular os pensamentos. Mostram belezas a serem alcançadas. Tanto bem material como bem subjetivo. São enganados e preferem continuar sendo. Pois é bem melhor continuar no sonho que abrir os olhos e ver o real, a calamidade, o caos que a humanidade se encontra.

Para quem deseja mudança o ideal é repudiar as ações sem sentido e tentar mudar seu modo de ser e de ver o mundo, a fim de encontrar uma felicidade concreta. Mas para quem quer continuar com a felicidade enganosa, é preferível juntar-se com o opressor e comemorar a derrota. A sua e a do opressor, que não visa o futuro, só o presente. Fazer como os oprimidos do livro “O Juiz de Paz da Roça”, comer e beber da fonte do prazer tirânico.

Juiz - Assim, meu povo! Esquenta, esquenta!...

Manuel João - Aferventa!

Tocador,

cantando - Em cima daquele morro

Há um pé de ananás;

Não há homem neste mundo

Como o nosso juiz de paz.

Todos - Se me dás que comê,

Se me dás que bebê,

Se me pagas as casas,

Vou morar com você.

Juiz - Aferventa, aferventa!...

CONCLUSÃO

À medida que o homem evolui, também segue o mesmo rumo todo pensamento anterior. Poderosos e oprimidos sofrem mudanças em cada época histórica. E uma nova era surgirá, esta contém marcas da opressão e continua a produzir uma nova. No século XXI como em tempos atrás, uma minoria comanda a multidão de pessoas oprimidas e contentes da situação em que se encontra. Martins Pena utiliza de temas vividos na época e que hoje ainda está presente no meio social. Seja de como a obra apresenta ou de forma disfarçada.

REFERÊNCIAS

CHALITA, Gabriel. O Poder: Reflexões sobre Maquiavel e Etieme de La Boétie. ed. 3. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.

LÉVY, Pierre. A Inteligência Coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. ed. 5. São Paulo: Loyola, 2007.

PENA, Martins. O Juiz de Paz na Roça. http://vbookstore.uol.com.br/nacional/misc/juiz.PDF

1ª postagem em o poder opressor na formação de oprimidos contentes, em 11 de Abril de 2010 http://www.infoeducativa.com.br/index.asp?page=artigo&id=265