sábado, 22 de julho de 2017

Minha velha poesia



Minha poesia já não navega       
neste mar de palavras que inundam o meu ser.
Minha rude poesia é como um velho barco
parado na praia de proar para terra e de poupa para o mar   
que ignora o chamado das ondas que quebram na praia.
O chamado do mar, mar esse que hora é sereno e hora é bravio,
e nas madrugadas de marés altas
bate com suas ondas na quilha do velho barco
chamando-o para navegar em suas águas hora doces, hora salgadas...
As ondas batem com foça no compasso de um coração hipertenso
de um velho versejador que um dia sonhou em ser poeta,
mas se perdeu em meio há paixões por duas musas inatingíveis.
Assim como a terra em meio a atração do Sol e da Lua
faz as ondas quebrarem na praia.
As ondas ainda quebram em minha praia existencial...
E quando esse mar de palavras hora doces, horas amargas,
recua suas ondas e se acalma.
Deixa na quilha do velho barco a espuma da saudade
de um tempo que não volta mais e com a saudade o sal que corrói.   

                             José Cícero Gomes


sábado, 3 de junho de 2017

EM ALGUM LUGA NO PARALELO 15°45' SUL E NO MERIDIANO 47°20' REINA O ESTADO DE EXCEÇÃO E SELETIVIDADE VERDADEIRAMENTE COMANDADO POR BANDIDOS.



A docilização, a domesticação, o adestramento e a manipulação são frutos do poder disciplinador e este é resultado da vigilância e do empobrecimento da formação escolar das classes menos favorecidas, os políticos fazem vista grossas à delinquência dos delinquentes que eles mesmos produziram através de exclusão social e da propaganda encomendada e paga à impressa sensacionalista que produz uma imagem negativa da população mais pobre em situação de risco social, e assim marginalizam uma grande parcela da sociedade ao produzirem estereótipos e preconceitos que iram alimenta o medo da sociedade que passam até desejar a voltar de um regime autoritário, ditatorial e sanguinário.
          Ao colocarem o criminoso na mídia 24 horas no ar, assim alimentado um medo na população que faz esta legitimar a vigilância, o controle e a punição dos supostos delinquentes, e o medo produzido se torna tamanha que se permiti até ações evasivas do estado como a vigilância através de um monitoramento através de câmeras em ruas, avenidas, praças, e no trabalho em satélites. Além do monitoramento na rede mundial de computadores.
Em meio a essa realidade criada pelos que operam o sistema, esses escroques criam uma legislação que favorece a esta marginalidade que eles supostamente combatem para poder garantir a impunidade da delinquência da própria classe dominante e dos agentes público, num estado big brother de exceção e seletividade verdadeiramente comandado por bandidos de colarinhos brancos com gravatas de seda e terno bem talhado.

sábado, 15 de abril de 2017

A REALIDADE BRASILEIRA: UMA REALIDAE DANTESCA E PLATONICA



Não vivemos um novo mundo dantesco e surreal, vivemos o real mundo dos brasileiros que acham natural serem explorados e defendem a propriedade privada sem terem nem a privada, alguns fazem suas necessidades fisiológicas no matinho, mas mesmo assim acham que a propriedade privada é sagrada, e inalienável. Não importando como se chegou a ter o direito de posse da mesma para que ela seja privada. Muitas propriedades privadas neste país são resultantes de grilagem de terras e de fraudes cartoriais. Algumas foram irrigadas com sangue de índios, posseiros, seringueiros, sem terras e até com sangues consagrados de padres e de freiras.
Aqui nesta terra de Ceci e Peri, e de mãe Preta e pai João, os pobres têm em suas bocas o discurso de seus algozes, que por sinal são unidos e articulados. Eles podem até terem suas divergências, mas quando se trata de defender o dito sagrado direito da propriedade privada, e seus interesses econômicos e políticos, eles deixam toda e qualquer divergência de lado, e se unem para garantir seus interesses muitas vezes escusos.
Agora o povo é desunido, e uma parcela deste povo brasileiro que tem um feijão mais gordo do que o operário e o camponês, não se considera nem povo. Falo de nossa classe média que é assalariada que ganha entre R$ 3 mil reais a 35 mil reais, que só depende de seu salario para viver, se um membro integrante da classe média perde emprego e fica sem seu salário está fodido.
Mas mesmo assim, esse indivíduo não se considera parte integrante do povo. Considera-se capitalista sem ter capital, defendem neoliberalismo político e econômico sem se aperceber ou sem querer ver que este irá foder com o seu futuro, e o futuro dos seus. Defendem o estado mínimo, mesmo sendo sua segurança e estabilidade mínima.
Alguns chegam até a defenderem cortes na saúde, mesmo dependendo do SUS para fazer um tratamento quando seu plano privado está ainda em estado de carência ou não cobre o tratamento; combatem os direitos sociais, e são contras aos programas sociais de auxilio econômico as parcelas mais miseráveis da população brasileira. E chegam a reproduzirem o discurso da tal meritocracia entre desiguais.
Entre os mais pobres que moram em uma casa de COHB ou em um barraco em uma área de risco que são eles desde estivador, gari a operário e comerciários e outros também existe entre eles indivíduos que se dizem de direita, do alto de sua ignorância e obscurantismo intelectual, sem saberem o que é direita, centro e esquerda, se julgam de direita e odeiam os  esquerdistas. E alguns acreditam realmente que a teologia da prosperidade neopentecostal é capaz de proporciona sucesso financeiro, e acreditam também em outros engôdos, um deles e a tal meritocracia.
Não só a classe média, mas muitos entre as camadas mais baixas também defendem o engôdo da meritocracia, pois muitos acreditam que seja uma boa teoria do verdadeiro e justo sistema de gestão, e também acreditam que as migalhas que conseguiram nestes últimos 25 anos, desde há era Itamar Franco até o governo Dilma, foram resultados de seus méritos e não devido a programas sociais do governo federal.  
É tudo isso nos revela uma conjuntura dialética, e meio a tal conjuntura de desarticulação da classe trabalhadora,  é como se nós estivéssemos perdidos num labirinto de um terrível minotauro, onde todas as noites, um ou mais oráculos delfos nos fizessem parar diante deles para ouvi-los e vemos imagens destorcidas de um holograma de um mundo exterior, nos fazendo lembrar o Mito da Caverna de Platão, em nosso contexto tais oráculos falam para quase 200 milhões de seguidores que chamamos de telespectadores. Por um estante pode até nos parecer que tudo isso não passa de um tenebroso pesadelo, essa realidade que estamos vivenciando, mas infelizmente não é um pesadelo, se trata da realidade vivida por todos nós brasileiros. E a tal caverna, sem soma de dúvida é a televisão brasileira, e os oráculos são ancoras do jornalismo venal que manipula e destorce a realidade, e formam a opinião pública no Brasil. 
Entre os oráculos existe um que tem  poder maio de convencimento e manipulação e o ancora do tal JN que se apresenta geralmente como o Virgílio da Divina Comedia, só que esse é um pseudo Virgílio, que nos reanimam em momentos de crises política, econômica e institucional. Digamos de passagem, crises estas que muitas vezes foram criadas pela mídia mais poderosa do país a televisão, ou legitimada por ela. E logo aparecem os oráculos: da Globo, Bandeirante, SBT, Cultura e de outras menores, como se oferecessem a tirar-nos de um sofrimento, fazendo-nos passar pelo Inferno e pelo Purgatório, mas com uma falsa promessa que iremos chegar ao paraíso. Assim como Virgílio em ‘A Divina Comedia Humana’.
E todo esse discurso dos oráculos modernos vem justificar e legitimar nosso estado de escravidão. Buscando nos convencer que não há outra verdade além da mostrada por eles. Vamos imaginar que seja possível a libertação e que alguns dos prisioneiros sublevem o sistema quebrando os grilhões psicológicos que os prendiam a televisão, mas ao se verem livres buscassem explorar o mundo externo. Entraria em contato com a realidade e perceberia que passaram a vida toda analisando e julgando apenas imagens e mensagens que lhes mostravam verdades destorcidas e meias verdades.

Ao saírem da caverna e entrarem em contato com o mundo real ficariam encantados com os seres de verdade, com a natureza, com os animais, e etc. Voltariam para a caverna para passarem todo conhecimento adquirido fora da caverna para seus companheiros de infortuno ainda presos. Porém, seriam ridicularizado ao contar tudo o que viram, ouviram e sentiram, pois seus companheiros só conseguem acreditar na realidade que enxergam na parede iluminada da caverna, e outas esses companheiros, já são ilusoriamente felizes como escravos, e até amam a sua escravidão graças ao consumo e ao entretenimento. Os prisioneiros passariam a chamar esse pequeno grupo divergente e resistente de um bando de loucos, e como no mito da caverna de Platão iriam ameaçar-los de morte caso não parasse de falar daquelas ideias consideradas absurdas, esquerdistas e irracionais por quem nunca souberam o que foi usar o cérebro.

* Professor Cícero

terça-feira, 28 de março de 2017

Brasil atual: um quadro anacrônico



Hoje temos uma classe média medíocre que se orgulha de dizer que é capitalista sem tem capital, e que é assalariada e explorada mais não se mobilizam não se articulam e nem se unem para lutarem por seus direitos, pois são individualistas e egoístas, e nutrem a ilusão neoliberal da meritocracia, acreditam que mesmo sendo pessoas físicas terão o mesmo peso de um CNPJ na hora de uma negociação ou contratação trabalhista, mesmo sob um regime perverso como é o da terceirização.
A maioria esmagadora de nossa classe média defende o engodo de que basta um individuo ser bem preparado para ter um futuro garantido, e assim o faz, buscam se prepara e quando chega à empresa ele é um indivíduo custo zero para a empresa. Mas esta preparação fica apena no campo técnico, dai o desconhecimento das novas gerações de como funcionam o mundo em que estão inseridos e a gritante ignorância de conhecimento que lhes agreguem valores mais humanos e universais, eles se tornaram mais pragmáticos e individualistas. Daí o alto grau de analfabetismo político, pelegismo, alienação, preconceitos, intolerância, sectarismo e até fanatismo religioso entre os membros de nossa classe média atual.
Já a classe trabalhadora urbana e rural que como a classe média também fora manipulada, ambas foram preparadas pelos mesmos agentes e instrumentos ideologicos a serviço da manutenção dos interesses da classe dominante e dos grandes capitalistas estrangeiros que atuam no Brasil pós golpe de 2016, até se justifica como se deixaram ser manipulados pela grande mídia, pelas igrejas neopentecostais e por alguns velhos padres rançosos da ala conservador de nossa igreja católica no Brasil, ala essa que sempre fez opção pelo poderosos e não pelos trabalhadores.  
Bem, no caso dos trabalhadores brasileiros que compõem as ditas classe “C” e “D” se tornam reprodutores do discurso de seus algozes é explicável porque não tiveram como se desvencilharem da doutrinação ministrada pelos falso jornalismos e pelos ditos lideres religiosos que fazem parte do jogo político da classe dominante deste país. Não podemos esquecer que as classes “C” e “D” são compostas em sua maioria por analfabetos e analfabetos funcionais, não é que na classe “B” não haja analfabetos funcionais, há, porém em menor número, o que não há é o iletrado. Poderíamos perguntar como a classe “B” se deixou levar é ser manipulada? Creio que não foi muito difícil porque nossa classe média se apequenou. Entre seus membro sempre existiu o que chamávamos nos anos 70 e 80 de pseudo burguês, mas também havia os indivíduos politizados, cultos, humanistas que sonhavam com um Brasil melhor e mais justo para todos.
Os filhos e netos da geração Coca-cola que pertencem a classe “C” e “D” estão em sua maioria manipulados, alienados e acovardados diante de todo o mal que a horda criminosa de política de direita e extrema direita têm feito contra a classe trabalhadora e contra o país. Os da classe “B” são igualmente manipulados, alienados, Mas ainda têm um agravante são pobres com um feijão mais gordo, mas não se consideram pobres, são assalariados, mas só porque recebem bem mais do que o mínimo não se conseguem ver como explorados, e até se dizem capitalistas sem terem capital.
Quanto a classe “A” esta é a dominante e a causadora de todos os males do Brasil porque ela é egoísta, tacanha, cruel, exploradora, asfixiadora, corrupta e antinacionalista.   

Por tudo isso e muito mais, muitos acreditam que a corrupção e o desmando no país são frutos do PT e que antes o Brasil era um país de políticos austeros e honestos, e que o regime militar foi um tempo de honestidade e prosperidade e outras mentiras. O Brasil chegou a essa realidade caótica, onde pobres trabalhadores foram as ruas pedir por um impeachment para retirar uma presidente legitima e honesta, só porque a mídia corrupta e venal os disse que ela era causadora da crise, e ela de todos os males deste país, e alguns passaram a ter um ódio mortal dela, e de todos membros de seu partido. Tiveram aqueles que foram mais longe na insanidade passaram a ser contra as lutas sociais e defensores até de ideias neofascistas, além de passaram a fazer apologia a Ditadura e a tortura, entres esses insanos alguns passaram a pedir intervenção militar e a defender um estado de escravidão consensual.