sábado, 22 de julho de 2017

Minha velha poesia



Minha poesia já não navega       
neste mar de palavras que inundam o meu ser.
Minha rude poesia é como um velho barco
parado na praia de proar para terra e de poupa para o mar   
que ignora o chamado das ondas que quebram na praia.
O chamado do mar, mar esse que hora é sereno e hora é bravio,
e nas madrugadas de marés altas
bate com suas ondas na quilha do velho barco
chamando-o para navegar em suas águas hora doces, hora salgadas...
As ondas batem com foça no compasso de um coração hipertenso
de um velho versejador que um dia sonhou em ser poeta,
mas se perdeu em meio há paixões por duas musas inatingíveis.
Assim como a terra em meio a atração do Sol e da Lua
faz as ondas quebrarem na praia.
As ondas ainda quebram em minha praia existencial...
E quando esse mar de palavras hora doces, horas amargas,
recua suas ondas e se acalma.
Deixa na quilha do velho barco a espuma da saudade
de um tempo que não volta mais e com a saudade o sal que corrói.   

                             José Cícero Gomes