sexta-feira, 28 de maio de 2010

Nosso Saudoso Patativa



Há muita gente que ainda deve se perguntar, mas, porque PATATIVA DO ASSARÉ? Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré, firmou seu nome na história como Poeta popular, compositor e improvisador e tem seu nome artístico inspirado numa avezinha cantadora da ordem dos Passeriformes, subordem dos Oscines, família dos emberezidas, gênero Sporophila e espécie plumbea. De canto triste e melodioso, canta também para demarcar o seu território. O nosso inesquecível Patatva do Assaré, teceu versos em homenagem ao pássaro agreste, como o seguinte:

Patativa descontente,

nesta gaiola cativa
muito embora diferente,

eu também sou Patativa
Linda avezinha pequena,

temos o mesmo desgosto
sofremos a mesma pena,

embora em sentido oposto,
Teu sofrer e meu penar

clamam a divina lei
tu presas pra cantar

e eu preso porque cantei!

Antônio Gonçalves da Silva (Assaré CE, nasceu em 05 de março de 1909 e fez sua passagem para os palcos celestiais em 08 de julho de 2002). Freqüentou a escola por apenas quatro meses, em 1921, mas desde então vem "lidando com as letras", como ele mesmo afirmou. Agricultor, em 1922 já atuava como versejador em festas, e a partir de 1925, quando comprou uma viola, deu início à atividade de compositor, cantor e improvisador. Em 1926 teve um poema publicado no Correio do Ceará, mas seu primeiro livro, Inspiração Nordestina, seria lançado trinta anos depois, em 1956. Em 1978 publicou o livro Cante Lá que Eu Canto Cá, e em 1979 iniciou, com Poemas e Canções, a gravação de uma série de discos, entre os quais se destacam Canto Nordestino (1989) e 88 Anos de Poesia (1997). Seu último livro, Cordéis-Patativa do Assaré , é de 1999. A poesia de Patativa, que verseja em redondilhas e decassílabos, traduz uma visão de mundo "cabocla", muitas vezes nostálgica e desapontada com as mudanças trazidas pela modernidade e pela vida urbana. Sua obra aborda os valores e os ideais dos camponeses do interior do Ceará, em poemas que tematizam da reforma agrária ao cotidiano dos sertanejos cearenses.