O homem nasce com a capacidade de distinguir a conduta correta daquela considerada errada por sua sociedade? Ou será que o homem só deixa de praticar o mal temendo que outras pessoas descubram, e por isso venha ser punido? Todo político é um humano, logo cabe a ele também estas indagações:
É possível um político brasileiro distinguir o bel do mal? Qual o fundamento da ação moral dos homens públicos? Será a certeza da impunidade que leva o político a agir de formar incorreta? Qual a linha tênue entre o bel e o mal nas ações políticas? Entre a moral e a imoralidade? Será a ética algo inexistente na vida pública brasileira? Mas, o que é ética?
Hoje em dia é muito comum banalizarmos o mal, o amoral, o errado. É mal visto e combatido o indivíduo que ainda é capaz de se indignar com a dor do mundo. No tempo de Diógenes de Abdera (413 – 327 AC.) não era diferente. Ele foi incompreendido pelos seus contemporâneos porque apontava os defeitos de seu tempo. Para isto, fazia uso de uma lanterna acesa em plena luz do dia dizendo: - “Procuro um homem honesto!”[1] – Imagine se Diógenes vivesse em nossos dias e fosse brasileiro, sem dúvida alguma estaria com sua lanterna em punho. Pois mudam-se os povos, as culturas, o tempo e o espaço... Mas a falta de caráter e a pouca vergonha permanece através dos tempos.
“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”[2] Os princípios da “ética da responsabilidade na vida pública” correspondem à necessidade dos homens públicos promoverem a honestidade que já faltava em nossa república na época de Rui Barbosa, e acima de tudo consiste em terem a consciência que são servidores públicos, e que a razão da existência do Estado é servir ao povo, e não ser servido pelo povo. E que o sufrágio universal é uma procuração que o povo passa para um indivíduo para gerir o coletivo e não o privado.
No Brasil fica claramente demonstrado que em política quase tudo é feito contrariando normas morais e princípios éticos, pois, para começar, os políticos não são éticos quando mentem aos seus eleitores, fazendo promessas que jamais pensaram em cumprir, já que o seu único objetivo é alcançar um mandato que lhes permita legislar para seu próprio benefício ou de grupos hegemônicos, ou administrar bens públicos como se fosse privado, para retirar deles o que puderem para si e para seus apadrinhados.
É comum, quando alguém menciona esta realidade imoral, vir com uma explicação fajuta de que é uma minoria que avacalha a política nacional, e que há ainda uma grande quantidade de bons políticos no Brasil. Mas a realidade nos mostra o contrário, há muito poucos políticos bem intencionados, que chegam a abandonar a carreira por não concordarem com o que acompanham entre seus pares, e também por não suportarem a pressão que aqueles lhes fazem para que se aliem às suas falcatruas.
Em sessão extraordinária convocada na tarde da quarta-feira dia 19 deste (19/5), mas com alterações no texto original. Enquanto a primeira versão impedia a candidatura de cidadãos que já tivessem sido condenados, a segunda, feita pelo Senado, traz o termo “que forem condenados”. O plenário do Senado aprovou por unanimidade - 76 votos a favor, sem votos contrários e abstenções - o projeto de lei 58/2010, conhecido como Ficha Limpa. De iniciativa popular, produziu uma matéria que deveria impedir a candidatura de pessoas condenadas pela Justiça em órgão colegiado. Não há consenso, no entanto, se a aplicação da lei valerá para as eleições de outubro. A questão deve ser decidida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Manobras políticas como esta do senado brasileiro nos provam que os maus políticos são a grande maioria neste país.
O mandato político no Brasil é como o anel de Giges, pelo qual os maus políticos tornam-se invisíveis e protegem-se das garras da justiça, nossos políticos não encontraram nenhum cavalo de bronze oco com um cadáver no seu interior com um anel mágico na mão, mas ao encontrarem na urna os nossos votos, eles se revestem deste poder como o pastor Giges também prostituem uma bela dama, a República.