sábado, 3 de abril de 2010

O fanatismo religioso entre atletas é algo surreal



Pelo que carrega de bizarro e inadmissível, o episódio do dia 2 de abril de 2010 que foram protagonistas alguns atletas do Santos ao se recusarem entra no Lar Espírita Mensageiros da Luz na tarde da última quinta-feira, apenas parte do elenco entrou e entregou ovos de páscoa às crianças do referida instituição de caridade que abriga crianças com câncer. Mas alguns jogadores, como Robinho, Neymar e Paulo Henrique preferiram não descer do ônibus. O camisa 7 aponta a religião como responsável pela atitude de alguns não terem entrado na casa de caridade e o parafrênico Robinho apontou motivos religiosos como responsável pela atitude desumana, preconceituosa, fanática e bestial dos pretensos “atletas de Cristo”, e diz não estar arrependido. Mas eu vós pergunto será que Jesus não entraria em tal lugar sabendo que lá viviam suas criancinhas? Atitudes como esta dos jogadores santistas desfralda no país os perigos do irracional, da intolerância religiosa entre a coletividade que se diz evangélica. Este fato revela os limites entre a razão e a psicose de alguns seguidores do neo-pentecostalismo. A atitude de Robinho ao dizer que não se arrepede do seu ato insano sugere que seu ato surgiu de uma estrutura psicótica. O fato do sujeito se ver como o único que está no lugar de certeza absoluta, o dono da verdade. Já é um indicador de fanatismo e sectarismo. Um kardecista não é melhor nem pior do que um pentecostal, nem nenhum pentecostal é melhor do que um umbandista, nem nenhum cristão é melhor do que um muçulmano,... todos os fieis de todas as religiões são apenas diferentes, ninguém é dono da verdade. Cada um tem sua verdade. “De algo sempre haveremos de morrer, mas já se perdeu a conta aos seres humanos mortos das piores maneiras que seres humanos foram capazes de inventar. Uma delas, a mais criminosa, a mais absurda, a que mais ofende a simples razão, é aquela que, desde o princípio dos tempos e das civilizações, tem mandado matar em nome de Deus”. (José Saramago) Não deixa de ser curioso o fato de a intolerância e a violência fazer parte da história das grandes religiões monoteístas, ao longo da história, percebemos momentos de pacífica convivência intra e inter-religiosa, intercalados com momentos de grande violência. O ápice desta intolerância no Cristianismo se dar na Idade Média quando os judeus passaram a ser perseguidos incansavelmente pela Inquisição, sendo obrigados a abjurarem de sua fé ou pagarem com a própria vida por professarem outra crença. Todavia esta intolerância não se dá apenas entre membros de uma religião contra outra, sendo que muitas vezes acontecem as maiores atrocidades entre membros de um mesmo grupo religioso, sendo as guerras entre cristãos uma constante na história (Católicos, Protestantes, Anglicanos,...). Devemos ter repulsa e combater atitudes como esta do Robinho, Neymar, Paulo Henrique,...etc. Devemos mostrar que queremos e podemos construir uma sociedade melhor, um país melhor para nós e as futuras gerações, em que a liberdade de expressão e culto sejam respeitadas, colocando a vida e a dignidade humana como valores fundamentais acima de tudo, e preservados por todos em todos os lugares.