sexta-feira, 4 de junho de 2010

O velho casarão


Na rua Bejamim Silva

um casarão desolado

contendo o mistério

ancestral dos pioneiros

das sombras que se foram

junto com a fumaça

das fogueirinhas que defumavam o látex.

Um velho alpendre olha triste o futuro,

mira o pôr-do-sol

e escuta o cochilo do dia.

Cansado de muitas horas,

e a noite cai sorumbática...

As vozes do vento sob o remanso do rio,

chegam até em sua triste varanda

e vem bater em sua porta

trazendo os sonhos remotos

de tantos que se abrigaram em sua parede brancas,

hoje nem tão brancas

encardidas pelo tempo.

Neste instante no canto de uma janela

esta rajada de vento oeste

invade o velho casarão

sombrio e triste em busca

de poemas sepultados.

E por um tempo

percorrendo cômodo por cômodo

sai por um buraco da porta da cozinha

carregado de lembranças

de um tempo memorável.

Já é madrugada

é a lua vem consolar-lo

com sua suave luz branca sob suas brancas paredes,

e logo um novo dia chega,

e triste com seu futuro incerto

vai vivendo o velho casarão.

J. Cícero