Na rua Bejamim Silva
um casarão desolado
contendo o mistério
ancestral dos pioneiros
das sombras que se foram
junto com a fumaça
das fogueirinhas que defumavam o látex.
Um velho alpendre olha triste o futuro,
mira o pôr-do-sol
e escuta o cochilo do dia.
Cansado de muitas horas,
e a noite cai sorumbática...
As vozes do vento sob o remanso do rio,
chegam até em sua triste varanda
e vem bater em sua porta
trazendo os sonhos remotos
de tantos que se abrigaram em sua parede brancas,
hoje nem tão brancas
encardidas pelo tempo.
Neste instante no canto de uma janela
esta rajada de vento oeste
invade o velho casarão
sombrio e triste em busca
de poemas sepultados.
E por um tempo
percorrendo cômodo por cômodo
sai por um buraco da porta da cozinha
carregado de lembranças
de um tempo memorável.
Já é madrugada
é a lua vem consolar-lo
com sua suave luz branca sob suas brancas paredes,
e logo um novo dia chega,
e triste com seu futuro incerto
vai vivendo o velho casarão.
J. Cícero