sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Cultura



Latuscultus
blog:12:33
Porto Velho, Rondônia.Brasil
Quinta-feira 12/09/2008


Comentário


No Brasil e talvez em muitos países do ocidente, se tem pouco conhecimento da história do Japão, da China, da Índia, da Arábia e do oriente como um todo. Não é demérito algum não sabem a história do oriente, mas revela o desejo ocidental de omitir a verdade por vários fatores ideológicos e geopolíticos. Se perguntarmos a um professor de história algum fato ou acontecimento da história do Oriente, constataremos a triste realidade que mesmo um graduado ou bacharelado em história em nosso país pouco conhece sobre o tema. Temos a maior comunidade nipônica do mundo fora do Japão. Recentemente foi comemorado o centenário da imigração japonesa para o Brasil,e não conhecemos a história deste país.


Prof. José Cícero Gomes


Sangaku: A Geometria Sagrada
O florescimento da matemática japonesa



As compilações de problemas geométricos que decoravam santuários do Japão, no início do século XVII num período histórico conhecido como Edo. Tais escritos matemáticos revêem e solucionam enigmas que ainda são intrigantes, hoje, mas o eurocêntrismo ocidental nos sega, e não nos deixa vermos a grandeza do oriente.
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No início do século XVII, período que antecede a reforma Meiji que é o início da ocidentalização do Japão que deu origem ao atual Japão. O grande Tokugawa Ieyasu concluiu a unificação do Japão e deu iniciou a era Edo. Implantou o seu xogunato e se estabeleceu na cidade de Edo ( atual Tóquio ). O xogunato existiu por mais de 250 anos,e os xoguns governaram o Japão de forma feudal, e garantiu um período de paz, mas com restrições de contatos estrangeiros. Durante o período Edo os japoneses estavam proibidos de manter contato com estrangeiros sob ameaça de pana de morte. Mas a Poesia, a música, as artes plásticas e a literatura floresceram durante este período de relativo isolamento. A maior expressão da cultura japonesa do período foi sangaku - uma combinação de matemática e arte. Os sangaku eram gravuras em madeira de até vários metros que ilustravam os santuários Xintoístas e os templos budistas para exibição pública. Muitos sangaku históricos respondem questões geométricas sem provas, talvez para demonstrar a proeza matemática do apresentador. E os seus sagrados conteúdos ficam claros: estas gravuras podem ter sido educativas ou podem ter assinalado gratidão por assistência divina na resolução de um problema matemático. Das muitas gravuras criadas, apenas uma fração sobrevive, e elas têm recebido pouca atenção dos historiadores para sua importância na construção da história do xogunato japonês. A matemática no Japão da era Edo foi desenvolvida a partir de contribuições chinesas.
A principal fonte histórica é um clássico chinês intitulado Jiuzhang Suanshu, segundo historiadores japoneses sua primeira publicação data do final da dinastia Han (208 a.C. – 8 d.C). Neste livro já revela os conhecimentos matemáticos do povo chinês (sistemas lineares, regra de três, divisão em parte proporcionais, e regra da dupla – falsa – posição; geométricos: cálculos de áreas e volumes). Além disso, os japoneses conheceram a obra euclidiana através do contato e da contribuição chinesa. Por volta do final do século XVI o missionário italiano da ordem jesuíta Matteo Ricci(1552-1619) contribui para enriquecer ainda mais a cultura matemática do povo chinês com sua tradução dos seis primeiro livros de Euclides para o chinês, estas traduções foram feitas em parceria com discípulos chineses. O seu objetivo seria a divulgação do cristianismo, mas sua maior contribuição à cultura chinesa foi o iniciou de um programa de traduções de obras ocidentais. E de algum modo ainda não bem esclarecido toda esta cultura matemática chega ao Japão. Neste momento inicia-se um fenômeno histórico-cultural sem precedentes em lugar nenhum do mundo na história da matemática: os matemáticos japoneses desenvolvem uma habilidade muito grande no uso do ábaco (sorobam) e em suas aplicações. Nesse período o Japão criaram varias escolas matemáticas, devidos os concursos públicos que o governo fazia para recrutar funcionário público para trabalhar como fiscais e cobradores de impostos. Nestas escolas eram comuns os desafios matemáticos. É nesta conjuntura histórico-cultural que surgel o sangaku: as geometrias sagradas, escritas numa língua antiga do Japão, o Kanbum, com teoremas geométricos que revelam problemas matemáticos com um grau de dificuldade elevado.