sábado, 15 de março de 2008

futurus incertus








Manifestações no Tibetê contra a dominação da República Popular da China deixam vários mortos
O Tibete é um país da Ásia Central, dominado pela República Popular da China desde 1950, quando foi ocupou militarmente pelo exército de chinês. Mas a China reivindicava o reino do Himalaia como seu desde o século XIII. Um ano depois da instauração da República Popular por Mao Tse-tung, o tibetanos iniciam sua luta para recuperar a sua soberania. Quando os chineses chegam na região encontram uma teocracia budista .
Em maio de 1951, os governos de Lhasa --capital do Tibete-- e Pequim chegaram a um acordo que selou a "volta à pátria" do Tibete com a assinatura do 14° Dalai Lama, o líder espiritual dos tibetanos.
Após alguns anos de frágil convivência e incidentes esporádicos, em março de 1959 aconteceu uma revolta contra "a ocupação" e a "socialização forçada" que foi reprimida com um saldo de milhares de mortos.
Então, o Dalai Lama, que disse ter assinado o acordo de 1951 sob pressão, abandonou o país e fundou um governo no exílio ao norte da Índia, em Dharamsala, que defende a não violência sem renunciar à recuperação dos direitos políticos e culturais de seus compatriotas.
Reverenciado no o mundo todo, particularmente nos países ocidentais, o Dalai Lama se rebela contra o crescente domínio das autoridades chinesas sobre seu país, os deslocamentos de população em favor dos "Han" --a etnia maioritária da China-- e a destruição de edifícios culturais e religiosos.
O Tibete é conhecido como "teto do mundo" pois é um vasto planalto localizado a mais de quatro mil metros de altitude. Seus habitantes estão cercados pelas montanhas do Himalaia e por desertos; mas na verdade, isolados do mundo, pois a maioria esmagadora da população desconhecem os avanços da socidade ocidental.
O clima da região é bem rigoroso; a neve permanece nove meses durante o ano. É o país mais religioso do mundo, chegando a ser uma nação unificada no século III d.C., devido à expansão do Budismo. Depois, o país foi dividido em pequenos principados, invadido por mongóis. O primeiro Dalai Lama, autoridade máxima do Budismo Tibetano, assumiu em 1642. O povo tibetano habita a capital Lhasa, fundada há 14 séculos.
Atualmente, existem duas Lhasas, a tradicional - que possui sólidos edifícios de três andares, com telhados coloridos e decorados -, e a moderna -, que surgiu após a invasão chinesa, com uma arquitetura utilitária e largas avenidas. É na velha cidade que se encontra o mais sagrado dos templos tibetanos, o Jokhango, construído no século VII d.C., centro espiritual da nação, que recebe vários peregrinos.
Ao redor do templo, existe um caminho chamado Barkhor, um exótico mercado ambulante de produtos artesanais. Helena Blavatsky, fundadora da Teosofia, designou esse país como o "centro energético do mundo".No Tibete existe o palácio Potala, que é a imagem mais representativa da nação. Possui treze andares, construído com cobre fundido, para protege-lo dos terremotos.
Em Potala, os livros sagrados budistas eram impressos manualmente, e ainda estão guardadas as escrituras budistas como o Tanjur, com 227 volumes, e o Kanjur, com 108 volumes. Os textos apócrifos relatam a possibilidade de Jesus ter estudado no Tibete; é comum ouvir sobre essa história na velha cidade. O Tibete pode estar longe do mundo, mas é o único lugar do planeta onde os homens procuram desvendar os enigmas da alma humana.
Atualmente, o 14º Dalai Lama, tenta negociar a liberdade do povo tibetano da China. Na sua última conferência realizada nos Estados Unidos em 2001, ele disse: "através da visualização, dou aos chineses meu pensamento positivo, e em troca, recebo a ignorância". A liberdade do Tibete é uma tarefa árdua, que dura mais de cinqüenta anos, contando com a ajuda da ONU e do reconhecimento de poucos outros países. "Claro que há mortos", declarou mais cedo à agência de notícias France Presse por telefone uma funcionária do centro médico de urgência. "Estamos ocupados com os feridos, há muitos aqui", acrescentou, sem precisar se as vítimas eram monges.
A Radio Free Asia (RFA), citando testemunhas em Lhasa, anunciou ao menos dois mortos.
Nenhum morador ouvido por telefone pôde confirmar se prosseguiam os incidentes ou se estava em vigor um toque de recolher, explicando que ninguém saía de casa há várias horas.
"Não há ninguém fora a esta hora, nem os tibetanos nem os 'hans' (etnia chinesa). Só estão nas ruas os que fazem a guarda", declarou o empregado de uma escola de Lhasa.
A International Campaign for Tibet (ICT), um movimento de defesa da causa tibetana, afirmou que as autoridades "decretaram a lei marcial", com base em algumas fontes.
Vários recepcionistas de hotéis ouvidos pela France Presse disseram que "tudo estava calmo", confirmando a informação da agência Xinhua, após "um dia conturbado no qual vidraças foram quebradas e lojas, queimadas". Um templo teria sido incendiado deixando várias pessoas feridas.
As autoridades chinesas culpam o líder espiritual Dalai Lama pelos episódios.
A cinco meses dos Jogos Olímpicos de Pequim, num momento em que a campanha de contestação tibetana aumenta contra o poder chinês, os protestos estão sendo considerados os mais significativos desde o levante dos tibetanos em março de 1989.

A violência eclodiu na cidade de Lhasa, em particular em torno do célebre mosteiro de Jokhang, um local de grande atração turística, após vários dias de manifestações de monges budistas.
Apelos à moderação foram expedidos de várias capitais estrangeiras, assim como do Dalai Lama, o líder religioso no exílio dos budistas tibetanos, que pediram à China para "não usar a força" no Tibete.
Os manifestantes "saquearam lojas chinesas, e a polícia respondeu atirando contra a multidão. Ninguém tem o direito de se deslocar em Lhasa agora", informou uma fonte tibetana à rádio com sede nos Estados Unidos.
Citando relatos de cidadãos americanos, a embaixada dos Estados Unidos em Pequim informou que muitos tiros foram ouvidos --informação endossada por uma turista estrangeira em declarações à France Presse.
"Ouvimos tiros", disse ela, afirmando que estava hospedada num hotel central. O chineses responderam aos rebeldes com uma violenta repressão militar.