sexta-feira, 14 de março de 2008

Fides, politiké, prosperitate et sexu

Qual balanço você faz entre o aspecto negativo dos escândalos evangélicos e os escândalos do clero católico? Quando o escândalo e do meio católico a mídia protestante ou a serviço dela generaliza como se no mundo católico só existisse pervertidos. Mas se a impressa divulga um escândalo do universo protestante muitos definem como perseguição aos evangélicos. Pode haver em outra nação católica, tal perseguição. Mas no Brasil não há preconceito contra “evangélicos”, digo contra protestantes porque todo cristão é um evangélico, até os kardecistas são evangélicos. Por falar em preconceito, os que se julgam os únicos evangélicos são preconceituosos e arrogantes, por fazer distinção entre os cristãos, e se julgarem trigo e os outros joios. Principalmente quando eles falam de católicos. Estão sempre noticiando em primeira mão os casos de pedofilias e homossexualismo dentro da igreja católica, como se fossem exclusividades da Igreja Católica, no entanto, não divulgam seus próprios escândalos. Talvez por não se responsabilizarem pelos atos dos seus bispos, pastores e congregados, ou talvez, levando-se em conta que podem copular e casar, o índice seja realmente menor, mas existe. Alias, independentemente de credo ou raça, devassidão existe desde que o mundo é mundo, não é só "privilegio" da Igreja católica. O fato é que divulgam nessa proporção no intuito de mostrarem que suas instituições religiosas são mais santas. São os interesses escusos acima do jornalismo ético.
O padre Júlio Lancelotti está sendo vitima desses interesses escusos, primeiro porque é padre, segundo, porque é um ativista dos direitos humanos e um militante da ala esquerda da Igreja. Cadê que a midia dita evagelica deu enfase aos escandalos dos seus proprios líderes religiosos.
A numerosa comunidade de cristãos evangélicos nos EUA reagiu estupefata a notícia do escândalo sexual em que evolveu-se o Pastor evangélico Ted Haggard , segundo a impressa dos EUA, este pastor teria contratar os serviços sexuais do jovem Mike Jones , Haggard é o fundador da mega-igreja Nova Vida, Presidente da Associação ...
No Brasil, depois do assustador escândalo em que alguns políticos evangélicos se envolveram num golpe que desviava dinheiro de orçamento da Saúde, e no escândalo do mensalão, havia pelo menos um evangélico envolvido: o Bispo Carlos Rodrigues, do PL do Rio de Janeiro e integrante da Igreja Universal. ... O escândalo da CPI dos Sanguessugas atingiu em cheio a bancada evangélica da Câmara. Além da Igreja Universal, o escândalo da compra superfaturada de ambulâncias respingou sobre parlamentares integrantes de outras igrejas evangélicas, ... O escândalo das sanguessugas pode ser visto como um episodio nefasto, mas pode se visto também como o fato que produzirá uma sociedade protestante menos infantilizada. Talvez, o repúdio dos eleitores evangélicos está ligado, sobretudo ao envolvimento dos parlamentares evangélicos em escândalos recentes, ...
A questão da ética e da moralidade é a bandeira defendida por todo candidato protestante em toda campanha evangélica e esses escândalos pegaram muito mal.



É sabido por todos que o complexo de comunicação Rede Record pertence a um cidadão poderoso chamado Edir Macedo, alto-proclamado bispo, fundador das lojas de indulgências e descarrego Igreja Universal do Reino de Deus, e com um complexo desses meus amigos, haja manipulação para arrebanhar almas contribuintes para suas organizações. Essas boas almas infantilizadas são as mesmas que definem como perseguição, quaisquer comentários realizados em decorrência dos diversos escândalos promovidos por “evangélicos”. ...

O tal “crescimento vertiginoso das igrejas evangélicas” deve-se em parte à teologia da prosperidade, que oferece uma esperança mais imediata do que escatológica, mais egocêntrica do que comunitária, mais fluida do que consistente, mais temporal do que eterna, mais mental do que espiritual. Porque certos grupos crescem mais do que outros, os grupos menores copiam suas estratégias sem qualquer aprofundamento. Instala-se então a concorrência e esta funciona por causa da natureza humana. Até a Igreja Católica entra na jogada para não perder fiéis. A badalada paixão pelas almas de alguns anos atrás cedeu lugar à paixão pelo crescimento numérico. Então, a pregação do pecado, do arrependimento, da conversão, do negar-se a si mesmo, da porta estreita, da solidariedade humana, torna-se impopular e rara. Por incrível que pareça, a denúncia de Santo Agostinho, pronunciada há mais de 16 séculos, é oportuna hoje: “Muitos clamam a Deus com o intuito de adquirir riquezas e evitar prejuízos, pela felicidade temporal e coisas semelhantes. Raramente alguém clama pelo próprio Deus. Assim, é fácil ao homem desejar alguma coisa de Deus e não desejar o próprio Deus, como se o que ele dá pudesse ser mais gratificante do que ele mesmo”. A recente crítica do cineasta católico italiano Antonio Monda, autor de Deus e Eu combina com tudo isso: a “new age” é “a religião em que se aproveita apenas aquilo de que se gosta”.