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domingo, 18 de dezembro de 2011
Latim
BREVIARIUM HISTORIAE ROMANAE AB URBE CONDITA
Eutropius
Romanum imperium a Romulo exordium habet, qui, Vestalis virginis filius et Martis, cum Remo fratre uno partu editus est. Is, quum inter pastores latrocinaretur, octodecim annos natus, urbem exiguam in Palatino monte constituit.
Condita civitate, quam ex nomine suo Romam vocavit, haec fere egit: multitudinem finitimorum in civitatem recepit; centum ex senioribus elegit, quorum consilio omnia ageret, quos Senatores nominavit, propter senectutem. Tum quum uxores ipse et populus non haberent, invitavit ad spectaculum ludorum vicinas Urbis nationes, et earum virgines rapuit. (...)
O Império Romano tem seu início a partir de Rômulo, que, filho da virgem Vestal e de Marte, com o irmão Remo nasceu de um só parto. Este, como assaltasse nas estradas junto com pastores, aos 18 anos constituiu uma pequena cidade no Monte Palatino.
Fundada a cidade, que chamou Roma a partir do seu nome, fez estas coisas: recebeu uma multidão de vizinhos na cidade, elegeu cem dentre os mais velhos, com o conselho dos quais fizesse tudo, que chamou senadores em virtude da velhice. Então como ele próprio e o povo não possuíssem esposas, convidou as nações vizinhas de Roma para o espetáculo dos jogos e raptou-lhes as virgens.
POR QUE ESTUDAR LATIM?
O latim deveu sua importância, no passado, ao prestígio de Roma.
Tendo surgido como pequena aldeia, fundada por pastores albanos no coração do Lácio, em meados do séc. VIII a.C., Roma se tornou a capital de um dos maiores impérios que a civilização conheceu, da Lusitânia ao Oriente, dos areais da Líbia às terras da Britânia e da Germânia, ao Ponto e à Cítia. No mundo romano, o Latim era a língua de comunicação.
E hoje? Qual seria a importância do conhecimento do Latim? De um lado temos a rica literatura deixada pelo mundo romano, que estende seu alcance por outras áreas de conhecimento: pela historiografia, antropologia, filosofia, teoria literária, ciência e teatro, dentre outras. De outro, há o interesse lingüístico pelo Latim, sendo uma das mais antigas línguas indo-européias, de acordo com o registro escrito, oferece-nos a solução referente ao conhecimento das línguas; sendo, por fim, a língua mãe dos idiomas românicos, fornecendo explicações para fenômenos aparentemente inexplicáveis do português e das línguas irmãs: o Espanhol, o Italiano, o Romeno, o Francês.
Por um paradoxo curioso, esse idioma, que não o é de nenhum povo e desconhece fronteiras, pois é ensinado, falado e escrito em toda a Europa, sem falar dos outros continentes, dá à luz uma literatura não brotada de solos étnicos, mas que supera em quantidade e qualidade qualquer uma das literaturas nacionais durante o mesmo período. Bastará lembrar as grandes obras da teologia e do hinário, as coletâneas de lendas cristãs, e, também, no lado profano, nomes como os de Dante, Petrarca, Boccaccio, Erasmo, Bacon, Descartes, Newton...
O latim serve-nos de trampolim para mergulhos mais profundos na nossa visão de mundo, no nosso modo de pensar, na nossa vida. Aquele que entende bem a mensagem que o latim passa em seus textos se questionará melhor e verá que antes de nossos valores, havia outros, muito distintos, mas perfeitamente coerentes, que merecem nossa admiração e respeito.
Então, por que não estudar o latim? De língua morta o latim não tem nada. Vejam, por exemplo, quantas expressões são usadas em Direito. Quem nunca ouviu falar de habeas corpus?De alibi? De data venia? O latim não está de forma alguma morto, está no nosso dia-a-dia: quem nunca mandou um curriculum vitae? Quem nunca ouviu falar de renda per capita? Ou pensou em fazer uma pós-graduação lato sensu? Ou ouviu que alguém é doutor honoris causa?
Essa antiga língua de Roma está nas tecnologias mais modernas, está na fecundação in vitro, nas invenções mais recentes: está, por exemplo, no fax (abreviação de fac simile, que significa "faça de maneira semelhante", não é isso que faz o fax?). Mesmo muitas palavras importadas do inglês remontam ao latim: na Informática usa-se o verbo deletar, do inglês to delete, que vem, por sua vez, do verbo deleo em latim, que significa "eu destruo". De tão entranhado na nossa língua, o latim até se confunde com ela: idem é latim, o supra summum, o et caetera...
Referências Bibliográficas:
CARDOSO, Zélia de Almeida. Iniciação ao Latim. São Paulo: Ática, 2004.
RÓNAI, Paulo. Não perca o seu Latim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, s/d.
REZENDE, Antônio Martinez. Latina Essentia. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000.
VIARO, Mário Eduardo. A importância do Latim na atualidade. In Revista de ciências humanas e sociais, São Paulo, Unisa, v. 1, n. 1, p. 7-12, 1999.
O Núcleo de Ensino de Línguas em Extensão do Departamento de Línguas Modernas do Instituto de Letras da UFRGS.
http://www.nele.ufrgs.br/index.php?option=com_content&task=view&id=27&Itemid=47