sábado, 7 de agosto de 2010

Angela Adonica

Pablo Neruda


Hoje deitei-me junto a uma jovem pura

como se na margem de um oceano branco,

como se no centro de uma ardente estrela

de lento espaço.

Do seu olhar largamente verde

a luz caía como uma água seca,

em transparentes e profundos círculos

de fresca força.

Seu peito como um fogo de duas chamas

ardía em duas regiões levantado,

e num duplo rio chegava a seus pés,

grandes e claros.

Um clima de ouro madrugava apenas

as diurnas longitudes do seu corpo

enchendo-o de frutas extendidas

e oculto fogo.