Indigna ação.
O brasileiro é um barrista não porque trabalhe em barras-fixas, pois nem todos são ginastas, apesar da grande maioria fazerem ginástica para poder viver com a miséria que ganham. Alguns são oleiros é modelam o barro, mesmo os que não fazem tijolos, telhas, bilhas, potes, esculturas de barro e etc. São todos barristas ou pseudo-barristas, já que todos do seu modo defendem seu torrão natal. Mas não é amor a terra onde nasceu, o que sente estes ufanos defensores do seu lugar natural. Acredito que seja uma autodefesa. Quando um forasteiro fala mal do nosso lugar ficamos todos melindrosos e gritamos logo,alto lá! Isto existe em todo o mundo, não é coisa apenas daqui. Agora, eu vós pergunto, quando agimos assim, não estamos sendo covardes e empurrando a sujeira para debaixo do tapete. A boa justiça não começa de casa? Quando o ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso disse que o Brasil era um país provinciano, muitos se chocaram, e ficaram ofendidos. Mas não é verdade? Este lado melindroso do povo brasileiro seria salutar se reverter-se em indignação e repulsa à banalização de todos os erros e males de nossa sociedade. Para começar, se este falso melindre produzir-se uma autocrítica seria um ótimo começo para eliminarmos os males éticos e morais seculares que corroem o seio da nossa sociedade, e que herdamos dos tempos coloniais. Nos últimos dias em nossa cidade se criou uma celeuma por nada, só por causa de algumas verdades que foram publicadas na internet, a respeito da falta de estrutura, do provincianismo, do improviso eterno, da falta de polidez , de cortesia, e por ter falado do exerço de grosseria de muitos, da falta de consciência política e social de nosso povo, e do exerço de atos esdrúxulos, escusos e imorais dos homens públicos do legislativo e do executivo de nosso Município e do nosso Estado. Alguns em maior grau de gravidade e outros menor, mas não existe meio corrupto. Quem desviou um centavo de real, é corrupto da mesma forma de quem desviou milhões de reais. Não existe meio corrupto. Diante de tudo isso e da certeza que temos um espírito de tartaruga, lembrei dos versos de Samuel Rosa e Chico Amaral, “A nossa indignação/ É uma mosca sem asas/ Não ultrapassa as janelas/ De nossas casas.”¹ Será que a nossa nação é indigna? Não indignar-se com as afrontas cotidianas, com as ações vergonhosas, com as injustiças sociais? será que as indignas ações brasileiras de autoridades ou de homens comuns, são banalidades, frivolidades e não merece ser divulgadas e combatidas? E quem as expõem, são inimigos da pátria, do povo e da ordem e merecem ser condenados? Ou será que são verdadeiros amantes da terra natal e são homens dignos porque são cheios de indignação e de ações.
Prof. Cícero.
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1. ROSA, Samuel; AMARAL, Chico. Música: Indignação. Banda Skank.