sexta-feira, 20 de julho de 2012

139º aniversário de Alberto Santos Dumont


Neste 20 de julho de 2012, o Latuscultus homenageia este grande brasileiro esquecido por todos, Alberto Santos Dumont.
http://revistaepoca.globo.com/EditoraGlobo/img/transp.gif


http://revistaepoca.globo.com/EditoraGlobo/img/transp.gif O homem que conheceu cedo a glória e as badalações terminaria seus dias mergulhado na solidão, no ostracismo, na loucura e no desespero. Mas o seu nome permanece nos anais da história como um dos grandes e poucos homens que mudaram definitivamente o curso dos acontecimentos da história da humanidade.

Num país onde não se valoriza a memória histórica, e onde o povo é desprovido de formação cultural, e chega-se ao cumulo de criar-se um programa bizarro TV, onde a massa elege indivíduos reles que em nada contribuíram para o Brasil, como “os maiores brasileiros de todos os tempos”. E claro que num país como o nosso, homens como o grande brasileiro Alberto Santos Dumont não é lembrado. Eu pergunto, será que ele é lembrado em sua terra natal? Será que as crianças de Santos Dumont-MG lembram que hoje é o dia do Condor das alturas?

De Norte a Sul do Brasil, hoje 20 de julho não passa de mais um dia como todos os outros. A data, no entanto, deveria ser celebrada como um feriado nacional e Santo do Dumont reverenciando em todos os lugares deste país como um dos grandes homens da nossa história. Nesse dia comemora-se o aniversário do maior e mais consagrado cientista brasileiro de todos os tempos, o pai da aviação.

Em 20 de julho de 1873 nascia Alberto Santos Dumont, 'um mineiro que ousou voar como os pássaros e teve o desplante de realizar seu sonho aos olhos de todo o mundo. Nada de voos secretos, numa praia deserta da Carolina do Norte, sem documentação imparcial, como fizeram os irmãos Wright. Nem tão pouco foi catapultado como estes pseudos inventores norte-americanos. Santos Dumont 'matou a cobra e mostrou o pau', repetidamente na capital francesa, para o delírio dos parisienses, que testemunharam a audácia, a coragem, o determinismo, a tenacidade, a engenhosidade, o fazer ciência e a devoção pela aeronáutica de um grande brasileiro.

Em 19 de outubro de 1901, a bordo do seu dirigível número 6, Santos Dumont contornou a torre Eiffel e retornou ao seu ponto de partida, no campo de Saint-Cloud, em menos de 30 minutos. Demonstrava-se assim a possibilidade de controlar o vôo e de impor a vontade humana à máquina. Mas foi em 23 de outubro de 1906, em Campo de Bagatelle, em Paris, quando o 14-Bis voou por mais de 50 metros a uma altura de 2 metros, que Alberto Santos Dumont garantiu para si um prêmio e um lugar na história. O mineiro voou depois dos Irmãos Wright, sim, mas os americanos usaram, em 1903, uma catapulta e um biplano e não conseguiam 'pilotar', apenas planavam.

Nascido em 20 de julho de 1873, em Palmeira (mais tarde rebatizada com o nome de seu filho mais ilustre), região da Zona da Mata mineira, passou a infância em Minas Gerais, cercado pelas obras de Júlio Verne - que lhe deu, literalmente, asas à imaginação - e pelas narrativas históricas dos primeiros vôos em balões. O sexto de 10 filhos de um rico empreiteiro e fazendeiro de café chamado Henrique Dumont, desde jovem desenvolveu o seu lado inventor a partir das muitas e modernas máquinas utilizadas nos trabalhos com os cafezais. Completando o estudo em bons colégios de São Paulo, quando a família já morava em Ribeirão Preto, e após formar-se na Universidade do Rio de Janeiro, o rapaz provinciano, de estatura baixa e corpo franzino, muda-se para Paris (França) em 1891, aos 18 anos, com o intuito de desenvolver seus principais projetos. Lá, estudou física, química, mecânica e eletricidade, e especializou-se em aeronáutica após sua primeira experiência com balões. Desde jovem, Santos Dumont tinha duas obsessões em mente: a primeira era voar; a segunda, alcançar a fama.

Em 1898 seu primeiro balão (o Balão Brasil), voou sobre os céus de Paris. Seu próximo passo foi construir um veículo voador que fosse dirigível. O inventor acoplou um pequeno motor a gasolina e voilà , seu invento funcionou. Na tentativa de aprimorar a sua máquina de voar, sofre alguns acidentes, chegando a admitir que, em alguns deles, fora 'salvo por milagre'.

O primeiro grande feito do brasileiro, que lhe valeu o reconhecimento e os elogios de personalidades como o inventor Thomas Edison, foi a ousada circunavegação da Torre Eiffel, em 1901, com seu dirigível nº 06. Era a primeira pessoa a dirigir um veículo aéreo num percurso previamente determinado - um avanço para a aviação comparável ao arranque automático, em 1911, para a indústria automobilística, que abriu caminho para a produção de carros em massa. Pelo feito na Torre Eiffel, recebeu o prêmio de 100 mil francos do Deutsch de La Meurthe, o maior importador de petróleo da França, e distribuiu o dinheiro entre seus mecânicos e os desempregados de Paris. Pelo 14-Bis, em 1903, que o tornou o primeiro homem a voar com uma máquina autopropulsionada e mais pesada que o ar, recebeu o prêmio Archdeacon, de 3 mil francos.

Durante 10 anos, Santos Dumont construiu 20 balões e aeroplanos, voou em todos eles e submeteu-se a todos os tipos de tensão e de descargas elétricas. Seu último vôo foi com o Demoiselle (donzela, em francês), o seu avião de nº 20, uma aeronave com motor de 35 HP e estrutura de bambu, semelhante aos ultraleves de hoje.

No fim de sua vida, Santos Dumont sofria de duas graves doenças, depressão crônica e esclerose múltipla. Com a saúde cada vez mais debilitada e vendo o seu invento ser cada vez mais utilizado como arma de guerra, começou a ter progressivas crises de depressão. Humanitário e pacifista, testemunhou com grande desgosto a capacidade de destruição dos aviões durante a Primeira Guerra Mundial. Os aviões, já então eficientes armas de guerra, tinham criado mitos, como o alemão Manfred Von Richtofen, o Barão Vermelho, na Primeira Guerra. A consagração dos irmãos Wright foi outro motivo de contrariedade. À medida em que o século XX intensificava sua escalada de violência, Santos Dumont se recolhia a seus estudos e aos discursos pela paz, tornando-se cada vez mais recluso e irascível.

Em 1931, ele volta ao Brasil para viver em Petrópolis (RJ), em uma pequena casa projetada por ele, a Encantada, hoje Museu Santos Dumont. No ano seguinte, a morte trágica. Conta-se que ao saber do emprego de aviões na Revolução Constitucionalista de 1932, foi tomado de forte depressão e, aos 59 anos, no dia 23 de julho, comete suicídio, se enforcando com uma gravata no Grande Hotel de La Plage, no Guarujá, litoral paulista. Se sua morte foi motivada pela desilusão com o uso bélico do avião ou se foi simplesmente conseqüência da terrível doença, nunca se soube com certeza. No início do século, ele chegara a autorizar que seus balões fossem usados para fins militares na França, mas com certeza não imaginava o poder de destruição que seu invento poderia adquirir. Morreu antes de ouvir falar em nomes como Spitfire, Kamikazes e 'Enola Gay'. Postumamente recebeu o título de marechal-do-ar e, por decreto, foi proclamado patrono da Força Aérea Brasileira (1971).

Este grande homem nunca casou,porém segundo Rodrigo Cardoso: não era homossexual como alguns tentaram emputar-lo. Em 1917, o correspondente na Europa do jornal New York Journal enviou nota sobre o noivado de Alberto Santos Dumont com miss Edna Powers. Edna Power Norte americana que vivia em Paris com seus pais. O texto está no Museu Aeroespacial, no Rio de Janeiro. Por motivos desconhecido não deu certo. Contar os cronistas sociais da época que o nosso Condor eram um verdadeiro mulherengo. Ele foi um bon vivant com as mulheres. Aproximava-se delas, divertia-se, amava-as e depois as trocava", opina Drumond. "E dizia a amigos que um homem que vivia no fio da navalha como ele, por conta do risco da sua atividade, não deveria constituir família." A pesquisador de Cardoso desfaz a fama de homossexual do Pai da Aviação e o retrata como um conquistador.

Muito mais do que o fato de ser um solteirão convicto em meio à efervescência da sociedade francesa do início do século passado, a fama de Pai da Aviação que o elevou à condição de celebridade mundial contribuiu para que sua suposta homossexualidade fosse ventilada. Para se ter uma idéia da sua popularidade, entre 1899 e 1903, ele foi retratado na 1mprensa 12.625 vezes. Drumond descobriu esse levantamento, feito por quatro empresas de clipping contratadas pelo inventor, no arquivo da família Dumont. "(A homossexualidade) foi uma forma de denegrir a imagem dele e o Brasil comprou isso", opina o físico Henrique Lins de Barros, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, um estudioso da vida e obra de Santos-Dumont, autor de três livros sobre ele.
Naquela época, o brasileiro e os irmãos Wright disputavam a supremacia sobre os aeroplanos. Ao mesmo tempo, o jornalNew York Mail and Express publicava em suas páginas: "Na casa de Santos-Dumont, o serviço de chá fica em um canto da sala, onde ele bebe com frequência essa bebida social feminina. Tudo na sala é de extremo bom gosto, nada indicando que haja um toque masculino." O escritor americano Paul Hoffman reproduziu essa passagem em seu recente livro "Asas da Loucura", no qual afirma que Santos-Dumont foi amante do caricaturista francês George Gousat, conhecido como Sem. Mas não apresenta provas ou cartas de amor que façam referência ao caso - ao contrário do que se verifica em relação ao sexo oposto.
"A masculinidade não se prova nem mesmo por um papel de casamento", diz o físico Lins de Barros. Mas, baseando-se na documentação que se conhece, é mais fácil de entender Santos-Dumont como heterossexual." No canhoto de um talão de cheque do aviador, por exemplo, ao qual Drumond teve acesso, está anotada a despesa com a compra de bombons, presente que ele costumava oferecer a Yolanda Penteado, famosa socialite paulista que foi casada com o industrial de origem italiana Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccillo.

Uma curiosidade é que a certidão de óbito do invetor ficou desaparecida por cerca de 23 anos. O motivo da morte foi omitido desde a ditadura de Getúlio Vargas, quando criou-se a figura-mito do herói nacional. Os governantes acreditavam que um herói suicida não ficaria bem nos livros de história. Quando foi encontrada, dava comocausa mortis um suposto 'Colapso Cardíaco'.

Cícero