sábado, 29 de novembro de 2008

Cultura


"Brasil tem papel fundamental na reforma ortográfica"diz Saramago a folha de São Paulo.

O escritor português José Saramago, aos 86anos, explicou a maneira como criou sua mais recente obra, durante sabatina promovida pelo jornal "Folha de S. Paulo, na tarde de ontem, sexta-feira dia 28/11/2008 - 23h41, no teatro Folha, em São Paulo. Saramago já escreveu mais de 40 livros, talvez o maior nome da literatura do mundo lusofônico contemporâneo. Fala como interrompeu a criação de "A Viagem do Elefante" por seis meses com a saúde seriamente debilitada por uma pneumonia no começo deste ano. , brincou o escritor com seus entrevistadores "Não quero continuar a falar nesta história da doença, pois parece que estou aqui a pedir que tenham pena de mim, e não é verdade.Pelo contrário, uma vez que não morri”.

Sua doença, entretanto, não influenciou na maneira como a história de um elefante faz uma viagem cheia de obstáculos de Portugal à Áustria. "O que é lógico é que se esperasse encontrar no livro algum reflexo dessa situação. Pois não se encontra nenhum. “Não foi por que eu tivesse feito um esforço de autodisciplina para dizer 'aqui não entra nada do que eu vivi na minha doença', foi espontâneo e natural”, explicou o autor.

Os jornalistas da Folha de S. Paulo, cobriram José Saramago de perguntas não apenas sobre sua obra, mas também sobre política, economia e sobre seu posicionamento diante da reforma ortográfica que os países lusofônicos colocam oficialmente em vigor a partir do ano que vem. O escritor explicou como vê o assunto e acredita que o Brasil, país de maior população lusofônica, tem um papel fundamental nesse cenário. "Aquilo que me levou a mudar de idéias foi o problema da escrita. Se o português quer ganhar influência no mundo, tem de apresentar-se com uma grafia única", disse. "O Brasil tem no contexto internacional uma presença que nós [portugueses] não temos, ...
Questionado sobre a comparação entre best-sellers comerciais e autores de obras mais profundas, Saramago explicou que a evolução de seu trabalho foi longa, desde seu primeiro romance publicado em 1947 (considerado por ele próprio um livro medíocre) até o reconhecimento obtido em 1982 com o lançamento de "Memorial do Convento". "Não sou produto de marketing, nunca fui. Posso dizer que agora o marketing tenha entrado na minha vida sem que eu o tivesse procurado. Nunca projetei para mim uma carreira literária, nunca desenvolvi táticas de avanço nessa carreira. Digamos que eu estava no sítio errado no momento errado", brincou o autor.

Crítico ferrenho do capitalismo, Saramago teve a oportunidade de reiterar a sua militância comunista tomando por exemplo a atual crise financeira. "Chega-se à conclusão de que Marx nunca teve tanta razão quanto agora. Ao contrário do que tenham dito tantas vezes, o homem não morreu, veja a importância que estão a dar a esta espécie de ressurreição dos escritos de Marx. Aqueles que crêem que ele tem razão nem sequer se sentem reconfortados, pois se o que confirma as teorias e idéias do Marx é o desastre a que chegamos, valia mais que não tivéssemos chegado", concluiu.

Já sobre Barack Obama, ele o vê como um importante personagem no enfrentamento desta crise do capitalismo contemporânea, o presidente eleito estadunidense, é visto com uma esperança cautelosa pelo escritor, com certa dose de desconfiança que seu desempenho se assemelhe ao do ex-primeiro ministro inglês Tony Blair. "Sou capaz de apostar que Obama vai manter em ordem todos aqueles senhores cujos interesses têm às suas sombras. Se não for assim, é uma desilusão a mais. Quando apareceu Tony Blair, falava-se na terceira via. Mas essa terceira via não existe, era uma falsa chave que não abre nenhuma porta, como não abriu", ponderou.

domingo, 23 de novembro de 2008

Futurus incertus: Um mundo com pressa e sem emoções



Frei Betto
Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus mantos cor de açafrão. Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?' Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...' 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada.. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!' Estamos construindo super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a Inteligência Emocional. Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação! Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa? Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais… A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é 'entretenimento'; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose. Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse. Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas... Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's… Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático.' Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: 'Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.'

Cultura


José Saramago nasceu em 1922 no Ribatejo. Filho de agricultores, foi serralheiro, desenhista, funcionário público, tradutor, jornalista. Tornou-se conhecido internacionalmente com o romance Memorial do Convento. Pela Companhia das Letras publicou, entre outros, O ano da morte de Ricardo Reis, O Evangelho segundo Jesus Cristo, Ensaio sobre a cegueira,Todos os nomes, Cadernos de Lanzarote, A Caverna, O homem duplicado, As intermitências da morte, Pequenas memórias (2006). Recebeu o prêmio Nobel de literatura em 1998. Vive entre Lisboa e a aldeia de Lanzarote, nas Canárias.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Actione ab judiciariu

Rondônia poderá ter novas eleições para governo em 14 de dezembro de 2008.

Prof. Cícero

O TRE cassou o mandato do governador Ivo Cassol por unanimidade, no último dia 05/11, e determinou uma nova eleição para o executivo estadual para o dia 14 de dezembro de 2008. O Presidente da Assembléia, Neodi Carlos, deve assumir temporariamente o Governo. Agora, eu vós pergunto como? Se o deputado Neodi Carlos de Oliveira (PSDC), presidente da Assembléia Legislativa de Rondônia, É acusado pela Polícia Federal de participar de desvio de recursos do Poder Legislativo por meio da chamada “folha paralela”. Mas como diz um velho amigo, em Rondônia tudo é possível, até mesmo os maiores absurdos. Pensando nisto, é que muitos em Rondônia acreditam que é possível que não der em nada, e o senhor Ivo Narciso Cassol termine seu mandato através de recursos judiciais porque neste país infelizmente o dinheiro e os conchaves políticos ainda falam mais alto do que a lei.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Notitia ad América: A vitória da democracia.

A razão suplantou a ignorância e o preconceito.




Em Eleições nos Estados Unidos nunca se viu tanta gente querendo votar como nesta terça-feira 04 de novembro de 2008. Ontem foi um dia histórico para o povo estadunidense, principalmente para os afro-americanos. Pela manhã longas filas se formavam no bairro do Harlem em New York,e pessoas esperavam ansiosas para vivenciar o dia sonhado por Martim lute King, na fila para votar muitos tinham consciência que este dia seria vitorioso mesmo que Barack Obama não tivesse logrado êxito nas urnas,a nação negra americana já se sentia vitoriosa só em ter um irmão que chegara onde Obana chegou.


E o sinal de um novo tempo se deu em vários Estados dos E.U.A., nas longas filas formadas, para vota em Obama não só haviam afro-americanos,latino-americanos,asiáticos descendentes,...Haviam também muitos saxão-americanos,digo brancos orgulhosos de estarem votando pela primeira vez num negro americano.

A nação que já foi a mais intolerante em questões raciais do Ocidente depois da África do Sul dos tenebrosos tempos de Apartheid.Agora vive o apogeu histórico de um povo.Um dia, um grande americano negro previu este momento glorioso, Martin Luther King: “Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje! “.

O Democrata barak Obama é hoje o primeiro presidente negro da América, e isto, definiu este momento como impa na história deste país sem nome,e multe racial.Obaba,um filho de um Queniano e uma estadunidense branca, senador por Illinois aos 47 anos de idade chega à Casa Branca.Esta vitória tem uma conotação maior,passa a ser a vitória de todos os afro-americanos por seu direitos civis. E acima de tudo, passa a ser o triunfo da democracia e do sonho americano tão defendido por nobres homens como Abraham Lincoln que mesmo sendo republicano sonhava com um Estados Unidos de todos os americanos, sonho este que vinha sendo sepultado pelos famigerados republicanos dos últimos decénios. Mas agora esse nobre sonho se torna realidade.
Prof. Cícero/JBC, Porto Velho-RO /novembro 2008

domingo, 2 de novembro de 2008

Notitia ad América

Um novo capítulo na história estadunidense.



Barack Obama representa “a mudança” como ele gosta de auto se denominar. Sim, a transformação na velha maneira de fazer política nos E.U.A. defendida pelos republicanos desde o Bush pai em 90. Ao que me parece a princípio, Obama realmente representa o novo versus o velho representado pelo seu rival John McCain e sua vice Sarah Palin. Fica claro e notório que os E.U.A. precisa optar pelo novo, antes que sucumba nos inúmeros erros republicanos… O que acontecerá com a nação mais rica do continente americano?Se o medo não vencer a covardia, se a razão não suplantar a ignorância e o preconceito. O que será da América ?
Prof. Cícero/JBC, Porto Velho-RO /novembro 2008

sábado, 1 de novembro de 2008

Carmĭnis

De há muito

De há muito
correm nos terreiros
medonhas silhuetas de fome.

Em cada rosto
o traço da miséria se edifica
e essa ruazinha
mais parece
um grande cemitério
por onde vagam descarados homens
que acreditam em Deus...

Cleilson Pereira Ribeiro*
___________
*O poeta do Barro, Ce.

Cultura


O Manual de Redação PUCRS, como se depreende facilmente de sua consulta, privilegia os aspectos normativos da língua, de modo especial os que maiores dificuldades oferecem, como o emprego do hífen, de maiúsculas, de abreviaturas, de pronomes de tratamento, etc. Constitui-se assim em fonte de consulta, intentando ir ao encontro dos que lidam com a produção de textos e precisam resolver suas hesitações lingüísticas. A correção gramatical - e os manuais, em geral, contribuem para tanto - é um dos requisitos básicos do texto, espécie de credencial ou cartão de apresentação pessoal de seu emissor. Mas isso, por si só, não basta para caracterizar ou produzir um bom texto, conforme está referido no prefácio do Manual. Levando em consideração o exposto e atendendo a inúmeras sugestões de consulentes do Manual, a Gerência de Web está ampliando sua colaboração de assessoria lingüística, abrindo espaço para um novo manual, sob o título GUIA DE PRODUÇÃO TEXTUAL, direcionado para a produção de textos literários e não-literários. O Setor Web - dando continuidade ao trabalho com o Manual de Redação PUCRS - revela que está atento ao fortalecimento da imagem e da comunicação com seus vários públicos, perseguindo a meta que identifica nossa Universidade de modo singular: Universidade de qualidade a serviço da comunidade.
Profa. Me. Carmem SansonGerente de Web



http://www.pucrs.br/gpt/index.php

Carmĭnis

PISCICANALIS VERBIS

João viu a lua
numa vitrine de loja
Lojentrou
luarado
viu que tudo, de relance
mutifacetou-se em luz
João quis sair
Gritou
Da luaraçao da sua voz
lojex (*)
um arcoíris
cheirando a fim de dezembro
inundou a loja
Cerrou os olhos
Com medo, aquietou-se
Trêmulo, três passos à frente
estava sem roupa
sem ninguém
no fim do mundo
desluarado
segurando a maçaneta da porta
às cinco horas da manhã
entre a vigília e as preocupações
Outro dia faiscava
pela fresta dos desejos
Pulou
Cafezou
quando deu por si
era meiodia:
neblinava esrelas e pirilampos:
tinha trinta e nove anos

NOTA - (*) lojex: sair da loja, ou saindo da loja, dado pela partícula ex, latim ( = para fora)

Zeca Domingos Silva