Minha poesia já
não navega
neste mar de
palavras que inundam o meu ser.
Minha rude poesia
é como um velho barco
parado na praia
de proar para terra e de poupa para o mar
que ignora o chamado
das ondas que quebram na praia.
O chamado do mar,
mar esse que hora é sereno e hora é bravio,
e nas madrugadas
de marés altas
bate com suas
ondas na quilha do velho barco
chamando-o para
navegar em suas águas hora doces, hora salgadas...
As ondas batem
com foça no compasso de um coração hipertenso
de um velho
versejador que um dia sonhou em ser poeta,
mas se perdeu em
meio há paixões por duas musas inatingíveis.
Assim como a terra
em meio a atração do Sol e da Lua
faz as ondas
quebrarem na praia.
As ondas ainda
quebram em minha praia existencial...
E quando esse mar
de palavras hora doces, horas amargas,
recua suas ondas
e se acalma.
Deixa na quilha
do velho barco a espuma da saudade
de um tempo que
não volta mais e com a saudade o sal que corrói.
José Cícero Gomes
José Cícero Gomes